Estoques de gás de cozinha perto do fim em Juiz de Fora
Há escassez de botijões residenciais e industriais; UFJF muda cardápio
Um setor com risco iminente de desabastecimento é o de gás de cozinha. “Nós não temos mais nada no estoque. O estoque está zerado. Foi o último dia, não teremos botijões de cozinha para esta quinta (24)”, preocupa-se a proprietária de duas revendas da Supergasbrás em Juiz de Fora, Katiely Mendes. Segundo ela, desde segunda, já havia falta de botijões industriais (P45 e P20). A proprietária afirma que as revendas da marca receberam cerca de 200 botijões para serem divididos, com a orientação de priorizar as situações emergenciais. Mesmo com a escassez do produto, diz, não houve alteração nos preços.
Os problemas no abastecimento chegaram a afetar a alimentação dos estudantes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Em comunicado enviado à comunidade acadêmica na tarde desta quarta-feira (23), a instituição informa que irá oferecer a opção de dois pães com presunto e mussarela no almoço e no jantar dos estudantes, em virtude do desabastecimento de gás no Restaurante Universitário (RU).
A atendente da Disk Gás Gervazio, Carolina Toledo da Cruz, diz que o estoque de botijão de cozinha se limitava a pouco mais de cem unidades. “O nosso cilindro (P45) já acabou. Fomos abastecidos nesta quarta, mas a companhia já avisou que não tem mais botijões domésticos. A última vez que recebemos o cilindro industrial foi sábado. Não sei se teremos estoque para esta quinta.” Outro revendedor, que preferiu não ser identificado, afirma que há duas marcas no depósito. “Uma das distribuidoras passou nesta quarta, mas deixou apenas 30 botijões. Normalmente, somos abastecidos de dois em dois dias e recebemos de 60 a 70. Já nos avisaram que nesta quinta não vão passar para nos abastecer. Estamos com poucas unidades e não abriremos.”
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Risco
O presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP (Asmirg-BR), Alexandre Jose Borjaili, comenta que o risco de desabastecimento existe não apenas no estado, mas em todo o país. Segundo ele, depois que um motorista do setor foi agredido após tentar furar o bloqueio, a orientação é não correr mais riscos. Um agravante, diz Borjaili, é que houve, nesta quarta, paralisação da Refinaria Gabriel Passos (Regap) por oito horas o que reduziu, ainda mais, a oferta de gás de cozinha. Segundo ele, as revendas trabalham com estoques suficientes para consumo entre 24 e 48 horas. O produto, diz, costuma vir das capitais, cujos acessos estão bloqueados.
O presidente adverte que o abastecimento compromete não apenas o consumo residencial, mas também o funcionamento de comércio, hospitais e industrias de pequena escala. “Enquanto não houver uma manifestação do Governo, o desabastecimento é uma realidade que nunca enfrentamos antes na nossa história.”