Evangélicos cantam, oram e discutem futuro do país na Marcha para Jesus
Evento na Praça Antônio Carlos defende importância dos grupos religiosos nos debates político e social
Olhando para a Copa do Mundo, agora em julho, e para as eleições de outubro, a 25º Marcha para Jesus em Juiz de Fora defendeu, na tarde deste sábado (19) na Praça Antônio Carlos o posicionamento evangélico para muito além da religião. “Estamos num ano decisivo para a nação, tanto politicamente, quanto socialmente. E o Brasil precisa de uma intervenção em todos os setores, da economia, dos valores. Vivemos um momento de grande crise”, alerta o presidente do Conselho dos Pastores (Conpas), Charles Oliveira Marçal.
Lis Macedo, organizadora do evento cuja concentração já era ouvida em alto e bom som ao meio-dia, aponta para a necessidade de demarcar espaços diante da polifonia de vozes contemporâneas. “Acreditamos que, assim como todos os demais grupos sociais, os cristãos merecem e devem ocupar esses espaços , mostrando seus valores”, discursa. Em tempos de intolerância e embates, Lis chama a atenção para a necessidade de travar diferentes diálogos, o que o espaço público permite e proporciona. “O que precisamos vivenciar é o respeito. A marcha está num lugar aberto para que o outro venha nos conhecer. A diversidade é bem-vinda.”
Com o lema “Deus salve o Brasil”, e com uma grande faixa onde era possível ler “Juiz de Fora é do senhor”, o evento refletiu sobre o crescimento de um grupo que, conforme aponta os últimos dados do IBGE, cresceu 61,5% em dez anos. “Acredito que as pessoas que não toleram algum tipo de manifestação são as verdadeiramente intolerantes. Estamos nos expressando como a maioria que somos. E, se alguma minoria não concorda com nossa posição, tem o direito de também se manifestar”, avalia o pastor Charles Oliveira Marçal.
Dividido em três momentos – concentração, desfile e encerramento – a marcha passou pelas avenidas Presidente Itamar Franco, Rio Branco e Getúlio Vargas com três trios elétricos e contou com a presença de diferentes bandas, entre nacionais e locais, sendo o grande destaque a Renascer Praise, uma das mais famosas do gênero, que completa 25 anos em 2018. Fundada por Sônia Hernandes, a polêmica Bispa Sônia – envolvida em escândalos de estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro -, a banda paulista já gravou 20 discos, o último em 2016, “Betel”.
De acordo com Lis Macedo, a música gospel, hoje reconhecida em toda a sua extensão criativa, é uma parte relevante do evangelismo e do contato com novas plateias de fieis. “O interessante é que a música gospel virou um estilo musical que as pessoas aprenderam a apreciar, e que desmitificou que o gospel não possui sonoridade”, defende Lis.