Seriados em série, temporada 2016 (ou como Jack Bauer virou presidente)

Por Júlio Black

Oi, gente.

Setembro pode ser considerado o Natal/Ano Novo da turma que é ligada, viciada e apaixonada por séries. Afinal, é o mês em que as principais emissoras americanas lançam as primeiras e as novas temporadas da maioria de seus principais programas. Como é difícil acompanhar tanta coisa em tão pouco tempo – ainda mais com a atenção exigida por Antônio, o Primeiro de Seu Nome -, o lance é dar uma, mas apenas uma chance mesmo, para as novas atrações: é assistir ao episódio piloto e, se ele for bom, partir para o segundo, terceiro… Caso contrário, o destino é o Cemitério de Séries Descartadas, destino inglório este ano de “The Big Bang Theory” (os personagens casaram/noivaram/engravidaram/ficaram chatos), “Os 12 Macacos” (toda hora eles viajam no tempo e mudam tudo; cansei) e “Gotham” (o Pinguim e o Charada são ótimos, mas o detetive Gordon está mais perdido que cego em tiroteio; e eu ODEIO a Fish Mooney, que voltou à série porque o universo é mau).

Pois foi a partir desse Chatroulette televisivo que decidimos partir para duas das séries mais aguardadas nesta temporada, o remake de “MacGyver” e “Designated survivor”, que marca a volta de Kiefer Sutherland à TV após tantos anos trocando tiros, socos, facadas, torturando, sendo torturado e traído na pele do indestrutível Jack Bauer de “24 horas”. E o rapaz retorna em grande estilo, interpretando nada menos que o presidente dos Estados Unidos.

Um presidente, aliás, que nada tem a ver com o personagem que o tornou um dos caras mais populares da televisão. Thomas Kirkman é o apagado secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano do governo americano, que tem seus projetos solenemente ignorados pela presidência. Para piorar, ele chega ao trabalho e descobre que vai ser “promovido” ao cargo de embaixador de uma organização irrelevante da ONU com sede no Canadá. A decisão vai ser oficialmente anunciada no dia seguinte, após o discurso do Estado da União.

E é aí que temos o ponto de virada do primeiro episódio. Como o discurso no Capitólio reúne todos os integrantes do gabinete presidencial, além de membros do estado-maior, um representante do governo sempre fica em outro local para o caso de algum tragédia acontecer e todo mundo morrer. É o chamado “sobrevivente designado”. E quem é o escolhido? O secretário mané que vai ser demitido, claro. E o que acontece? O Capitólio explode, óbvio, e daí que a explosão mata o presidente, o vice, todo o gabinete, congressistas, até a imigrante ilegal que trabalha fazendo a limpeza.

O resultado é que Thomas Kirkman está lá comendo sua pipoquinha, pensando na mudança para o Canadá, quando o Serviço Secreto invade o quarto e diz que ele é o novo presidente. E o Thomas diz: “Whaaaaaat?”. E os caras dizem que ele tem que ir para a Casa Branca e fazer o juramento como o novo presidente. E ele diz: “Whaaaaaat?”. E alguém diz que ele precisa fazer um discurso em 60 minutos e mandar os iranianos colocarem os rabos entre as pernas. E ele diz: “Whaaaaaat?”.

Ok, não foi necessariamente dessa forma, mas o primeiro episódio é muito legal. Kiefer Sutherland manda bem no papel do presidente vacilante mas que sabe ser duro na queda – mesmo quando fala baixo, quase sussurrando. Numa escala de um a cinco Jack Bauers convencendo a Chloe a fazer algo ilegal, a nota é quatro.

Por outro lado, “MacGayver” chegou sob o peso da comparação com a célebre série dos anos 80. No meu caso, lembro de praticamente nada da série, além da abertura com a música do Rush e do MacGyver fazer um avião decolar usando apenas um chiclete, clipe de papel e meio quilo de tapioca, mas a sensação que fica é a mesma de quando relançam um carro com determinado nome, e que do original só tem o nome: não é a mesma coisa.

Explicando: o MacGyver é um agente do Departamento de Serviços Extremos, órgão secreto do governo americano que nem o presidente, a CIA, FBI ou o Postal Service devem conhecer. Na verdade, parece que só o pessoal do DSE sabe que eles existem. E o McGyver trabalha com uma galera responsável por impedir os caras maus de fazerem besteira, então a equipe vai para a Itália e recupera um artefato biológico perigoso, mas um dos vilões aparece e dá tiro em todo mundo e tem gente que morre e o MacGyver fica traumatizado.

Mas o herói logo volta ao batente, e lá vai salvar o dia improvisando paraquedas, abrindo algemas com clipes de papel, usando bandejas de aço como colete à prova de balas e coisas do tipo. Ah, e ele também vai ter uma espécie de nêmesis, que não podemos contar quem é para não estragar a noite de quem não assistiu. Numa escala de um a cinco MacGyvers salvando o mundo no último instante, a nota é três, pois estamos benevolentes hoje e vamos dar uma segunda chance para o rapaz.

Por enquanto é o que temos, mais para frente comentamos outras novidades da telinha.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

A Tribuna de Minas não se responsabiliza por este conteúdo e pelas informações sobre os produtos/serviços promovidos nesta publicação.

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade pelo seu conteúdo é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir postagens que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.



Leia também