Marlon Siqueira revela por que foi de líder do governo a opositor
Vereador reeleito também justifica a não participação na nova Mesa Diretora da Câmara e fala sobre Projeto de Lei que determina recolhimento de raças específicas de cães
A Rádio Transamérica entrevistou, nesta quinta-feira (28), Marlon Siqueira (MDB), na série com os vereadores eleitos em Juiz de Fora. Ele vai para o terceiro mandato, após receber 3.955 votos.
Transamérica: Em quem pretende votar para a Mesa Diretora da Câmara e, como atual primeiro-secretário, pretende se manter nela na próxima legislatura?
Marlon Siqueira: Nós já estamos em apoio à reeleição do nosso amigo presidente Zé Márcio Garotinho (PDT), mas a participação na Mesa, dessa vez eu preferi não estar em função até de algo que me fez muita falta nesse meu mandato. O primeiro-secretário e o primeiro vice-presidente não fazem parte de comissões. Então é uma regra que eu até tentei lá na Câmara mudar. Houve entendimentos de alguns colegas de que não era o momento, porque seria até uma “legislação em causa própria”, essa alteração para que eu pudesse participar. Então eu preferi realmente dessa vez não fazer parte, estou apoiando o Zé Márcio, mas eu gostaria muito de fazer parte de comissões. Nos outros mandatos, eu sempre fui um dos vereadores que mais participou de comissões, criei algumas também. Acho que a comissão é um papel que o legislador, juntamente com os outros colegas, tem uma força muito grande perante as discussões junto ao Executivo e a sociedade como um todo. Sempre é bom a gente estar caminhando com outros colegas vereadores. E não participando das comissões, eu me senti, nesse meu segundo ano deste mandato, um pouco aquém daquilo que eu gosto de fazer na Câmara Municipal de Juiz de Fora, que são temáticas que a gente gosta de trazer colegas juntos para fortalecer os nossos pleitos.
Transamérica: Qual vai ser o posicionamento do senhor em relação ao Executivo?
Marlon Siqueira: No meu primeiro ano, eu fui líder da prefeita, nas defesas de projetos que vinham, que convergiam com a nossa maneira de pensar. Mas, à medida que o tempo foi passando, nos incomodou um pouco, às vezes, algumas questões que estavam pedindo da gente, de certa forma, uma defesa ideológica, partidária. Eu não gostaria. Eu estava ali, de maneira técnica, defendendo os projetos que a gente achava que convergiam com o nosso modo de pensar, que seriam bons para a nossa cidade. Mas, quando questões ideológicas começaram a sobrepujar, houve um certo incômodo. Eu lembro a questão do movimento Escolas Abertas, onde eu era o líder da prefeita, e eu falando para que a gente pudesse retornar com a abertura das escolas. Eu havia criado, no ano de 2020, no mandato passado, uma comissão de enfrentamento, combate ao Covid. Eu dialoguei muito com todos os setores aqui da nossa cidade. E, com relação às discussões dos protocolos sanitários, eu estava bem atento àquela temática. Eu sabia que a gente poderia retornar com o movimento das escolas. A Prefeitura demorou [a divulgar] um posicionamento naquele sentido. Eu fiquei um pouco incomodado e pedi para que eu pudesse sair, mas sempre com um diálogo muito grande. Nada que perdesse o diálogo e o respeito com a prefeita. Mas eu pedi para que eu pudesse sair na época da liderança.
Transamérica: Diante desse incômodo com a administração, você vai sentar na cadeira da oposição ou da base?
Marlon Siqueira: Vou te dar um exemplo. A prefeita chegou e mandou uma mensagem para nós. Hoje são em torno de três vereadores que se posicionaram contra ela. E desses três, eu fui o único vereador que votei – que me considero na oposição – com relação ao empréstimo que a Prefeitura fez junto aos bancos, que os vereadores de oposição votaram contrário. (…) Nessa questão do empréstimo, por exemplo, eu votei favoravelmente porque eu tinha convicção que esse recurso era superimportante para obras necessárias na nossa cidade. Então, sim, o meu posicionamento são convicções pessoais. A gente estuda a matéria e eu vou votar de acordo com a minha consciência naquilo que é bom para a nossa cidade.
Transamérica: Um Projeto de Lei do senhor, que tramita desde junho, determina o recolhimento de cães pitbull, dobermann e rottweiler que agredirem alguém. Por que essas raças especificamente são determinadas?
Marlon Siqueira: Já existe uma lei estadual nesse sentido, e a gente gostaria de trazer essa discussão aqui para o município. Porque eu me lembro, quando eu estava no canil municipal, nós recolhíamos todos e quaisquer animais que estavam ali, de uma certa forma, incomodando a nossa sociedade. Então, baseando-se numa lei estadual, o município parou de fazer o recolhimento desses animais. A gente viu nas ruas a proliferação dessas raças especiais, muitas das vezes incomodando muito a nossa sociedade. Trouxemos essa legislação exatamente para que a Prefeitura ajude, tenha essa corresponsabilidade também, desse recolhimento desses animais. Olha, uma legislação fala que o município não é obrigado, é o Estado quem tem que fazer esse recolhimento. Eu acho que não, a gente tem que estar aqui sendo colaborativo em todas as questões temáticas que estão incomodando.
Transamérica: Por que essas três raças? Porque a questão também não é o modo como o animal é criado?
Marlon Siqueira: Sim, mas infelizmente o que acontece, se a pessoa cria esse animal de uma maneira, até mesmo colocam em rinhas para briga, e aí quando ele não serve mais, solta nas ruas, então a gente não sabe quem que é esse animal, não está chipado, a gente não sabe vincular quem é o tutor a esse animal, e aí é um fato que realmente acontece, está nas ruas, é sujeito a agressões a seres humanos e até a outros animais também, então a Prefeitura tem que estar atenta e ser colaborativa nesse movimento desse recolhimento.
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