Apagão registrado em várias regiões do Brasil interrompe fornecimento de energia em Minas
Apagão aconteceu após incêndio em um reator da Subestação de Bateias, no Paraná
Um apagão foi registrado em várias regiões do país, incluindo Minas Gerais, no começo da madrugada desta terça-feira (14). Conforme a Cemig, a falha no abastecimento de energia ocorreu às 00h32 em diversos municípios mineiros, em todas as regiões do estado.
A concessionária afirmou que a falta de energia ocorreu devido a atuação do Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC), do Sistema Interligado Nacional (SIN).
O restabelecimento de 99% dos clientes ocorreu até à 01h30, após autorização do Operador Nacional do Sistema (ONS). Às 06h12, todos os clientes afetados pelo evento foram restabelecidos. De acordo com o ONS, a falha teve início após um incêndio em um reator da Subestação de Bateias, no Paraná. O fogo levou ao desligamento completo da subestação de 500 kV e à abertura da interligação entre as regiões Sul e Sudeste.
A Cemig informou que ainda está levantando a lista de municípios afetados pelo apagão. Até o momento, não há confirmação de que Juiz de Fora esteja entre eles.
Apagão em oito estados
Conforme publicação do Estadão, usuários das redes sociais relataram apagões em ao menos oito Estados, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Ceará, Mato Grosso do Sul, Amazonas e Santa Catarina.
Os efeitos foram distintos: enquanto em algumas localidades a oscilação durou apenas segundos, em outras houve interrupção total do serviço por até 20 minutos.
O que é o ERAC
De acordo com a ONS, o Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC) é um sistema especial de proteção do Sistema Interligado Nacional (SIN), responsável por manter o equilíbrio entre a quantidade de energia gerada e o consumo em todo o país.
O mecanismo é acionado automaticamente quando há uma falha grave no sistema elétrico, como a desconexão repentina de um grande bloco de geração. Nessas situações, ocorre um desbalanço entre a carga (demanda de energia) e a geração, o que reduz a frequência elétrica do sistema — indicador direto desse equilíbrio.
Como os geradores operam dentro de limites específicos de frequência, quedas bruscas podem causar o desligamento de usinas e agravar a instabilidade. Para evitar o colapso, o ERAC realiza cortes automáticos e seletivos de carga, interrompendo temporariamente o fornecimento em algumas áreas.
Os cortes são definidos em estágios, conforme estudos técnicos conduzidos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que estabelece a frequência e o volume de energia a ser reduzido em cada etapa, garantindo a retomada gradual da estabilidade do sistema.
Incêndio no Paraná
O ONS confirmou que o apagão registrado na madrugada desta terça-feira (14) foi provocado por uma ocorrência no Sistema Interligado Nacional (SIN) às 0h32. O problema resultou na interrupção de cerca de 10 mil megawatts (MW) de carga e atingiu os quatro subsistemas do país: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Norte.
De acordo com o ONS, a falha teve início após um incêndio em um reator da Subestação de Bateias, no Paraná. O fogo levou ao desligamento completo da subestação de 500 kV e à abertura da interligação entre as regiões Sul e Sudeste. No momento do incidente, o Sul exportava cerca de 5 mil MW de energia para o Sudeste e o Centro-Oeste.
Com o desligamento, houve perda imediata de 1,6 mil MW de carga na região Sul. Nas demais regiões, o Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC) foi acionado para equilibrar o sistema. As interrupções foram de aproximadamente 1,9 mil MW no Nordeste, 1,6 mil MW no Norte e 4,8 mil MW no Sudeste.
O ONS informou que as ações de restabelecimento começaram logo após a identificação da falha, em conjunto com as concessionárias de energia. A recomposição das cargas ocorreu de forma gradual e segura. Até 1h30, o fornecimento já havia sido normalizado nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste/Centro-Oeste. No Sul, a recomposição total foi concluída por volta das 2h30.
Ainda nesta terça-feira, o ONS deve se reunir com os agentes do setor envolvidos no caso. Uma reunião preliminar de análise da perturbação será realizada até sexta-feira (17), quando deve ser iniciado o Relatório de Análise da Perturbação (RAP), documento que detalhará as causas e os efeitos do apagão.