Prefeitura anuncia projeto de macrodrenagem e esgotamento do Córrego Santa Luzia

Obra, cujo valor ultrapassa os R$ 160 milhões, terá consulta pública até o fim do mês e será financiada pelo PAC do Governo federal


Por Pedro Moysés

13/10/2025 às 18h00

A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) anunciou, na última sexta-feira (10), a aprovação dos projetos de macrodrenagem e esgotamento sanitário do córrego de Santa Luzia. A iniciativa marca o primeiro passo para a contratação das obras, que terão consulta pública aberta até o final de outubro, antecedendo o processo de licitação.

O anúncio foi feito em vídeo publicado no Instagram da Prefeitura, com a presença da prefeita Margarida Salomão (PT), da secretária de obras Bruna Rocha, do diretor-presidente da Cesama Lincoln Santos e do secretário de Governo Ronaldo Pinto Júnior.

Segundo Margarida, a intervenção é uma demanda antiga da população do Bairro Santa Luzia, que há anos sofre com enchentes e alagamentos. “Essa obra é uma demanda desde o início da nossa gestão, quando chuvas abundantes levaram o Bairro Santa Luzia a ser, mais uma vez, sacrificado. Naquela altura, começamos a desenhar esse projeto e levamos à Câmara para que ele viesse a ser financiado, o que foi autorizado. Felizmente, apresentamos esse projeto ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo federal e estamos recebendo esse recurso com injeção direta de investimentos em Juiz de Fora”, afirmou.

Três etapas de execução

A secretária de Obras, Bruna Rocha, detalhou que a intervenção será dividida em três grandes etapas, começando pela construção de um reservatório no Bairro Teixeiras, que fará a retenção das águas pluviais vindas da região de São Pedro, seguida pela recanalização do córrego em Santa Luzia, com ampliação da calha para melhorar a vazão. A última etapa compreende as obras de contenção no trecho do Graminha, aumentando a capacidade do canal até o Rio Paraibuna, o que deve facilitar o escoamento da água. O investimento total, somando as três frentes de obra, supera R$ 160 milhões.

No Bairro Teixeiras, o reservatório subterrâneo terá 11 metros de profundidade e capacidade para quase 50 mil metros cúbicos de água, com estação de bombeamento. Acima dele, será construído um campo de futebol com gramado sintético nos mesmos moldes do construído no Bairro Amazônia. Já em Santa Luzia, estão previstos 2,2 quilômetros de canalização, com ampliação do canal de cinco para oito metros entre a queda-d’água e a UPA, e requalificação estrutural até a rotatória do bairro. No Graminha, serão 600 metros de canalização em gabião, reduzindo o risco de inundações.

A obra contará ainda com a implantação de uma coletora de esgoto em parceria com a Cesama, retirando o lançamento de resíduos no córrego. “Nós iniciamos, em 2023, a primeira etapa, que foi transformar o Parque da Lajinha em uma bacia de detenção […]. Agora, vamos partir para a segunda etapa, que, além de resolver definitivamente o problema dos alagamentos, vai propiciar que a Cesama faça a implantação dos coletores-tronco e, em seguida, a estação de tratamento de esgoto do Bairro Santa Luzia”, explicou Lincoln Santos, diretor-presidente da companhia.

Consulta pública e participação popular

No vídeo, o secretário de Governo, Ronaldo Pinto Júnior, destacou que a consulta pública será aberta ainda neste mês e deve acontecer antes da publicação do edital de licitação. “Estamos lançando, no final deste mês, a consulta pública deste edital, que vai somar essa segunda etapa das obras de macrodrenagem. A consulta pública de Santa Luzia nós vamos publicar até o final de outubro para poder lançar o edital também e começar a tramitação da concorrência”, afirmou.

Ele reforçou também que um estudo de impacto junto à comunidade já vem sendo realizado. “Estamos fazendo tudo prevendo os impactos com a comunidade, ouvindo a população, garantindo que o projeto caminhe junto com os desejos das pessoas e respeitando sua dinâmica de vida e trabalho.”

Investimentos em macrodrenagem

O projeto integra o pacote de R$ 356 milhões assegurados pela Prefeitura junto ao Governo federal por meio do PAC, destinados a obras de macrodrenagem e esgotamento nas bacias dos córregos Ipiranga (Santa Luzia), São Pedro (São Pedro, Democrata e Mariano Procópio) e Humaitá (Bairro Industrial). “São problemas históricos agravados pelas mudanças climáticas. Por isso, esse investimento é um golaço para que as pessoas não mais se aflijam com alagamentos e perda de suas casas”, concluiu a prefeita.

Bairro vive apreensão com chegada do período de chuvas

Historicamente, o Bairro Santa Luzia é um dos mais atingidos por alagamentos na cidade. Perto da época de chuvas, o bairro volta a conviver com a apreensão. Em locais como as avenidas Ibitiguaia e Santa Luzia, onde o córrego costuma transbordar, comerciantes relatam que qualquer sinal de tempo fechado é suficiente para acender o alerta.

Recentemente, a Tribuna esteve no bairro e conversou com comerciantes cujos estabelecimentos ficam próximos às ruas mais atingidas. No bairro, foi possível observar que a rotina de prevenção se repete a cada ano: barreiras nas portas, mercadorias elevadas e atenção redobrada aos bueiros e ao nível da água. Apesar de reconhecerem melhorias pontuais após intervenções no Parque da Lajinha, que passou a funcionar como bacia de detenção, moradores e comerciantes afirmam que o medo permanece e que a chuva segue sendo sinônimo de incerteza.

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