Secretário revela tratar praga no gramado do Estádio Municipal
Críticas às condições do terreno ocorrem há mais de uma temporada; PJF abrirá estrutura aos juiz-foranos com programa “Estádio para Todos”
Não é de hoje que o campo do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio é alvo de críticas de torcedores, sobretudo de Tupi e Tupynambás. Neste ano, os comentários sobre as condições do terreno oferecidas às equipes não apenas permaneceram, como ganharam força diante das incertezas das consequências com a abertura, por meio da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), do principal palco esportivo do município a eventos de outras áreas, como a Festa Country, realizada há menos de um mês no local. No entanto, antes mesmo dos shows, e até mesmo do início desta temporada, buracos tapados por areia e até as populares manchas em meio ao verde do gramado eram notados com facilidade por atletas, diretores e juiz-foranos presentes nas arquibancadas ou assistindo aos jogos pela internet. Minutos antes do duelo entre Tupynambás e Coimbra, na última quarta-feira (25), a Tribuna conversou com o secretário de Esporte e Lazer, Marcelo Matta, que “prestou contas” à população, como o próprio resumiu, e antecipou um futuro de melhor qualidade do espaço.
“Já existe uma equipe no Estádio Municipal desde a inauguração, onde há um técnico responsável pela manutenção do gramado, com todos os cuidados, desde o combate à praga até o controle, o fortalecimento da grama, o corte e a marcação”, iniciou Matta, ao lado do técnico Jésus Paiva, atual responsável pela manutenção do gramado do Estádio Municipal. “No início desse ano, fizemos um evento em que tivemos um árbitro da CBF e um ex-árbitro Fifa que deram nota 8 para o gramado. Nosso técnico, que é muito rigoroso, antes da Festa Country deu nota 7; depois, 7,5. O gramado tem condições de jogo, mas há um problema atualmente de uma praga. Literalmente uma praga. Não se sabia, até o momento desta gestão, como combatê-la. Isso causava buracos, não tinha um produto que matasse essa peste. Após a revitalização do campo, descobrimos uma herbicida que mata. Hoje é uma luta diária de combater, matar a praga e, ao mesmo tempo, manter o campo gramado, não criar buracos”, contextualizou.
Houve a detecção de pragas como a erva daninha no gramado juiz-forano, de sementes dispersadas por animais que vivem na região, fator experenciado até mesmo em arenas de Copa do Mundo, como em Cuiabá, antes do Mundial de 2014. No caso da erva daninha, há características peculiares como o crescimento rápido, fácil adaptação e longa vida. É considerada uma praga, pois retira os nutrientes do ambiente em que se instala. “Isso foi um legado que recebemos. Em função da pandemia, as pessoas tiveram que ficar em casa, e o cuidado com o campo não foi adequado. Agora estamos combatendo e é isso que temos que fazer. Se estamos aqui, é para assumirmos essa responsabilidade. Não sou nenhuma pessoa irresponsável de achar que não temos que trabalhar na perspectiva de criar um melhor local para atender os times da cidade, e abrir possibilidade de outras equipes, de fora, virem jogar aqui, em Campeonato Brasileiro, Libertadores”, afirma Matta.
Trabalho preventivo para sequência
De acordo com o secretário e o técnico responsável pelo gramado do Municipal, a projeção de melhora ocorre, entre os fatores principais, pelo tratamento constante, necessário no atual cenário, e também pelo trabalho preventivo. Entre os obstáculos, há o clima no inverno, frio e seco, que demanda uma atenção redobrada. “Antes da Festa Country foi feito um trabalho preventivo e os cuidados são constantes. Momentos antes de colocar as placas no campo, foi jogado um fungicida, tiramos a placa e o campo está aí. Se fosse fazer uma pesquisa, uma publicação ou apresentação em um congresso científico, isso foi um estudo de caso. Nunca aconteceu aqui, mas tivemos um planejamento, um objetivo de realizar o evento, utilizamos os procedimentos necessários, colhemos os resultados e agora estamos discutindo. Foi feita uma pesquisa, um estudo de caso”, explica Matta, também professor.
A temporada do Estádio Municipal ainda prevê a utilização do palco para a sequência do Módulo II do Mineiro e outras competições. “O calendário tem Tupi e Tupynambás, e ano que vem os dois na primeira divisão, tomara; vem aí o (Mineiro) sub-15 e sub-17, que tem uma equipe que disputa em Juiz de Fora (Uberabinha), e ainda temos o Villa Real (Segunda Divisão do Mineiro). Houve o pedido do clube para utilizar o espaço. O gramado será utilizado até o final do ano. É indiferente, se vai ter jogo ou não. Isso é um patrimônio público e temos que procurar fazer a manutenção. E ainda bem que temos esses eventos. E o técnico Jésus, com sua equipe, vai seguir responsável de manter o campo em condições de jogo e, quem sabe até o final do ano ou em 2023, quando estivermos na primeira divisão, o nosso campo possa estar com uma nota 9,5 ou 10.”
“Estádio para Todos”
Dentro do objetivo de tornar o Estádio Municipal acessível a cada vez mais juiz-foranos, a PJF ainda irá lançar, na próxima terça-feira (31), aniversário de 172 anos de Juiz de Fora, o programa “Estádio para Todos”. Com cerimônia de abertura às 14h, aberta ao público, a população poderá, até as 17h, realizar diversas atividades no palco esportivo, como caminhada, corrida, piquenique e outros exercícios na estrutura, com exceção do espaço do gramado, dentro das quatro linhas. “É mais um espaço de lazer. O Estádio Municipal é muito bonito. Você tem, no entorno, possibilidade de caminhada e corrida, árvores, arquibancada, um bosque, um local para que, se a pessoa quiser vier, tem a opção de lazer e praticar esporte”, reitera Marcelo Matta.
Após o lançamento, o programa vai funcionar de terça a domingo, das 8h às 14h, com exceção às vésperas das partidas e nos dias dos jogos. “Muita gente da Prefeitura não conhece o Estádio Municipal. Trouxe alguns secretários aqui, levei ao vestiário e disseram que nunca tinham vindo. E a ação também é para justificar o investimento público nesse aparelho. Não é o jogo de futebol. Você pode correr, fazer piquenique, brincar com a criança, com o filho na bicicleta, enfim, vamos aproveitar o espaço”, complementa o secretário.