Ciclista pedala de Belo Horizonte ao Rio em dois dias
Juiz-forano Hugo Amaral se une a grupo de ciclistas no desafio de pedalar da capital mineira à fluminense em 48 horas
Debaixo de muita chuva, 19 ciclistas, entre eles o juiz-forano Hugo Amaral (Vidativa), saíram às 6h desta sexta (9) de Belo Horizonte (MG) com destino ao Rio de Janeiro (RJ). Segundo a organização do pedal, realizado pelo grupo Peloton pelo Mundo, o objetivo é percorrer 431km, com mais de 4.800 metros de elevação, em apenas dois dias. No primeiro dia, os ciclistas fizeram 261km até Juiz de Fora, que foi escolhida como ponto estratégico para o descanso dos atletas. Às 6h desse sábado (10), o grupo volta a colocar o pé na estrada para mais 170km até a capital fluminense, onde irão se hospedar e retornar de ônibus para BH no domingo.
“Eu sou movido por desafios”, diz o triatleta Hugo Amaral, que se lançou a mais um trajeto de longa distância, menos de um mês após enfrentar 3,8km de natação, 180km de bike e uma maratona no Ironman de Kona, no Havaí. “Assim que terminou a prova eu já estava procurando algo diferente para fazer no fim do ano. É uma distância que nunca fiz em dois dias, a maior distância que já percorri foi 360km para Cabo Frio. Mas acho que treinei muito para o Ironman, estou com uma bagagem muito grande e em questão de condicionamento pode ser tranquilo para mim.”
O atleta embarcou na aventura esperando um ritmo menos intenso, por não se tratar de uma competição, e disse que o maior desafio seria o trânsito na BR-040. A suspeita se confirmou durante o trajeto, mas a chuva forte também foi uma grande dificuldade. “O primeiro trecho foi muito perigoso, é muito caminhão, não tem acostamento e aquele barro de minério na entrada de Belo Horizonte estava perigoso. Pegamos muita chuva no primeiro trecho até o quilômetro 120, tivemos alguns pneus furados e teve um atleta que levou um empurrãozinho de um caminhão, mas está bem e continuou pedalando. Depois melhorou, passamos por trecho mais tranquilo com acostamento perto de Barbacena”, contou ele à Tribuna por WhatsApp. Os atletas chegaram a Juiz de Fora por volta das 19h30.
Trajeto
Na sexta, os atletas saíram da cervejaria Capa Petra em Belo Horizonte, pegando a BR-040 sentido Rio de Janeiro, com paradas em Conselheiro Lafaiete, Ressaquinha e Santos Dummont até Juiz de Fora, onde se hospedaram. Daqui os atletas pegam a rodovia União Indústria com uma parada no pé da serra de Petrópolis. Esse ano o grupo optou por não passar pela Av. Brasil pedalando por questão de segurança no trânsito, portanto eles irão pegar um ônibus até o Museu da Amanhã e seguirão de bike pela orla da praia até a Barra da Tijuca, o local de chegada.
Um desafio que não é para qualquer um
Gustavo Lovalho, ciclista e organizador do pedal, conta que a ideia do trajeto surgiu em 2016 através do triatleta olímpico Diogo Sclebin. “Diogo é carioca, e a primeira vez que foi a Belo Horizonte veio pedalando. Ele ficou um tempo treinando aqui e tinha o sonho de voltar ao Rio de bike. Durante um treino ele falou que estava voltando ao Rio e chamei mais 11 amigos e viajamos de bike em dezembro de 2016. Isso virou uma referência para o nosso grupo de pedal em BH e se tornou um desafio”, relata. No início de 2018, Gustavo refez o trajeto com dois amigos e decidiu preparar a cicloviagem de forma profissional para esse fim de ano.
Segundo o organizador, a estrutura dessa terceira edição conta com apoio de patrocinadores, hidratação e alimentação rica em carboidratos e proteínas, mecânico para pequenos reparos e troca de rodas, ônibus de apoio a cada 30km em pontos estratégicos para o caso de acidentes ou cansaço dos atletas, além de hospedagem em Juiz de Fora e no Rio.
Para dar conta do recado é preciso ter preparo físico e experiência com longas distâncias. “Em BH somos um grupo com treinos regulares de três a cinco vezes por semana. Apesar de ter apoio com bicicleta reserva e mecânico, é precisa de preparo físico, experiência, saber pedalar em pelotão, ter treinos regulares e uma boa alimentação. A maior dificuldade é a distância junto com a elevação. Além de físico, é um desafio mental, porque tem hora que a cabeça conta muito para superar e conquistar o desafio. São dois dias que se complementam, o primeiro tem distância maior, mas no segundo dia vem com o cansaço físico do primeiro dia, além do calor do Rio e a subida e descida da serra de Petrópolis que é bastante cansativa. É realmente um desafio sair das montanhas para o mar”, diz Gustavo.
O ciclista também espera a participação de ciclistas juiz-foranos e cariocas que se unirão ao grupo ao passar pelas cidades. Aqueles que vieram de Belo Horizonte e alcançarem a linha de chegada neste sábado receberão um troféu. Segundo o organizador, a ideia agora é de que o desafio seja anual e que novos atletas vindos de vários lugares possam integrar ao grupo. Ano que vem o Peloton pelo Mundo planeja fazer quatro viagens para fora do Brasil: dois pela Espanha e dois pela Itália.
Tópicos: ciclismo