Juiz-forano de 67 anos se prepara para subir maior vulcão do mundo de bicicleta

O vulcão Ojos del Salado, encravado na Cordilheira dos Andes, no Deserto do Atacama, e próximo da fronteira entre Chile e Argentina, é o vulcão mais alto do mundo e a segunda maior montanha das Américas, com 6.893 metros de altitude. Chegar ao cume deste gigante da natureza não é uma missão fácil, mas o juiz-forano Marcus Cezar Reis, de 67 anos, está se preparando para conseguir cumprir este desafio utilizando uma bicicleta nos primeiros meses de 2026.

Marcus Cezar possui diversas experiências em expedições de bicicleta. O juiz-forano criou rotas de Juiz de Fora a Cabo Frio, Paraty e Ibitipoca, além de ter subido o Monte Roraima, a 2.810 metros de altitude, localizado na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana. Segundo ele, a aventura está no seu sangue.

“Com cerca de 15 anos, eu imaginava uma montanha e que queria estar lá em cima. E a partir de um determinado momento da minha vida, quando diminuiu o meu ritmo de trabalho, eu comecei a fazer pequenas aventuras. Pegar a bike e fazer algumas montanhas que ninguém nunca tinha feito. (..) Fui percebendo que isso, no fundo, é um ganho de qualidade de vida que eu tenho”, afirma Reis. 

Preparação intensa

Marcus Cezar explica que a escolha por desbravar o Ojos del Salado se deu graças a um desejo de sua esposa, que queria visitar o Deserto do Atacama. A partir disso, o juiz-forano começou a pesquisar sobre o local e descobriu a existência do vulcão. Percebendo que era possível alcançar o cume, Reis iniciou o seu planejamento para conseguir realizar esta expedição com êxito e segurança.

“Existe uma série de circunstâncias no meio do caminho que tenho que me preparar, não só fisicamente. Fisicamente estou me preparando, não tenho que estar 100% agora, tenho que estar 100% daqui a um ano, porque vai ser em fevereiro de 2026, e vai ser um feito, acredito que seja até um feito mundial, porque outras pessoas já o fizeram, eu sei de três pessoas, mas todas elas com cerca de 30, 40 anos, e muito provavelmente sou o cara mais velho a fazer”, explica.

Para conseguir suportar as condições atmosféricas no topo do vulcão, em que se considera impossível a sobrevivência humana pelo baixo teor de oxigênio, Marcus Cezar irá fazer uma aclimatação 12 dias antes da expedição a mais de 6 mil metros de altitude para se ambientar ao ar rarefeito. Ao todo, Reis estima que irá percorrer 370 quilômetros e ganhar 7.831 metros de altimetria em cerca de quatro dias de pedal. Além disso, o juiz-forano pode encontrar uma variação de quase 60º C na temperatura, saindo de 40º C na partida e chegando a -20º C no alto do Ojos del Salado.

Projetando encontrar condições extremas na expedição, Marcus Cezar entende que uma preparação física contínua é fundamental para concluir o desafio. Por isso, planeja percorrer, no primeiro semestre deste ano, a trilha entre Juiz de Fora a Cabo Frio em 24 horas, partindo à meia-noite de um dia e chegando no destino à meia-noite do dia seguinte.

”Existe uma preparação contínua, porque é um legado que vou deixando para as pessoas que são mais novas do que eu, para que elas se preparem também, porque elas vão chegar numa idade em que tudo fica mais difícil. Sempre estou trabalhando o meu corpo, a minha mente, para conseguir isso, e, principalmente, lá no Chile, vou precisar muito disso aqui, além da qualidade física”, afirma Reis.

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Expectativa por um recorde

Chegar ao topo do Ojos del Salado também possui outro aspecto muito importante para Marcus. O juiz-forano pretende estabelecer o novo recorde de altimetria percorrida de bicicleta no Guinness World Records, livro anual que documenta e certifica recordes mundiais, tanto de feitos humanos como de extremos da natureza. Atualmente, os detentores da marca são Neil Laughton, do Reino Unido, e Nima Kanchha Sherpa, do Nepal, que percorreram 7.246 metros em Putha Hiunchuli, no Nepal, no dia 18 de setembro do ano passado.

Caso chegue ao cume, Marcus será o novo detentor do recorde. Segundo o juiz-forano, o objetivo é completar a expedição no menor espaço de tempo possível para obter a marca. “Esse recorde é algo meio inusitado, porque estou tomando essas informações ainda de como eles fizeram. Se foi num dia só, se foi em dois dias, se foi em três. Em um dia é impossível fazer, porque vou sair de uma altimetria de zero e chegar a 7 mil metros”, explica o juiz-forano.

Desejo por novas aventuras

Enquanto planeja e se prepara para subir o vulcão mais alto do mundo, Marcus Cezar já tem outras expedições em seu radar. “Sempre penso em montanhas. Vou fazer, antes disso (viagem para o Atacama), algumas montanhas aqui no Brasil como treino, e vou fazer também um vulcão no Peru, que ainda não tenho os dados, porque um operador que está me levando ao Chile me ofereceu para fazer. Mas isso eu penso só para meados de 2026, depois de ter feito essa conquista do vulcão”, projeta.

*Sob supervisão do editor Gabriel Silva