É integral ou não? Saiba como identificar esse tipo de produto e seus reais benefícios
Regulação da Anvisa de 2023 estabeleceu normas para rotulação de alimentos integrais
De frente para a prateleira do mercado, o consumidor encontra em um dilema: comprar ou não um produto integral? Pães, biscoitos, bolos e torradas, há sempre disponível a versão integral, identificada por uma embalagem diferente e pela promessa de ser uma alternativa mais saudável que a tradicional. Mas como saber se um produto é de fato integral? Eles realmente são mais saudáveis?
Para esclarecer essas dúvidas, a Tribuna conversou com a nutricionista do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Mariana Ribeiro. Ela explica que, até pouco tempo, não existia uma regra para definir o que eram os produtos integrais. Isso mudou com resolução da Anvisa, em vigor desde 2023. “Para
ser categorizado como integral, o produto precisa contar com, no mínimo, 30% de ingredientes integrais, e essa quantidade precisa ser maior do que a dos componentes refinados do alimento.”
A nova regra não vale para farinhas integrais ou produtos feitos só com cereais integrais, como farinha de trigo integral, aveia integral e arroz integral. Como ainda não há critérios claros para a composição e a rotulagem desses produtos, a regra se aplica apenas a itens que misturam cereais integrais com outros ingredientes, como pães, torradas e biscoitos.
Eles são mais saudáveis?
De acordo com a nutricionista, a grande diferença entre um pão integral e um pão tradicional, por exemplo, é que o primeiro possui uma maior quantidade de fibras em comparação às versões refinadas. “Isso acontece porque o grão que é utilizado na preparação do produto integral possui algumas partes preservadas e, com isso, uma quantidade maior de fibras e, algumas vezes, até de vitaminas e minerais.”
Mariana ressalta que isso não significa, necessariamente, que esses produtos serão a opção mais saudável. “Um produto integral pode ser também um ultraprocessado. De acordo com as recomendações do guia alimentar do Idec, os ultraprocessados são uma categoria que deve ser evitada.”
Como saber se um produto é realmente integral?
Conforme o Idec, para identificar se um produto é integral, é preciso verificar a lista de ingredientes e a declaração da porcentagem de cereais integrais na embalagem. Apenas alimentos que possuem cereais integrais devidamente listados em sua composição podem ser classificados como integrais. Além disso, é importante saber que imagens ou menções a pseudocereais não podem ser usadas para justificar a alegação de integralidade.
“Preste atenção às chamadas, ao tamanho das fontes e às alegações usadas em embalagens de produtos como pães, bolos e torradas”, afirma o Instituto. O Idec ainda aponta que antes da resolução da Anvisa, algumas empresas utilizavam expressões como “100% integral” de forma inadequada. Após a mudança, algumas passaram a adotar termos como “100% nutrição” ou “100% natural”.
Tópicos: Defesa do Consumidor / pão integral