Escritora Roseana Murray lança livro inspirado na história de juiz-forana

Obra “A chapeleira maluca” já está disponível no site da autora, no formato e-book, gratuitamente


Por Elisabetta Mazocoli

20/07/2025 às 07h00

A escritora Roseana Murray lançou um livro inspirado na história de uma juiz-forana, Juliane Carvalho, também conhecida como “Miss Eulália”. As duas se conheceram por meio das redes sociais, anos atrás, quando a artesã de roupas, acessórios e outras peças mandou uma bolsa feita especialmente para a escritora, e elas passaram a manter contato. A ligação entre as duas se tornou ainda mais forte depois dos problemas de saúde que tiveram no último ano. Em 2024, Roseana sofreu um ataque de pitbull e quase foi a óbito, enquanto Juliane teve síndrome de Guillain-Barré e ficou meses internada em estado grave.  A obra “A chapeleira maluca” já está disponível no site da autora, no formato e-book, gratuitamente.

chapeleiraO livro conta a história de uma chapeleira que vai morar na floresta e faz seus próprios chapéus, que têm um diferencial: “Os chapéus têm uma propriedade maravilhosa, porque mudam os pensamentos que não são bons. A chapeleira coloca poemas nos chapéus, e esses poemas fazem muito bem para as pessoas”, conta Roseana. Há ainda outra personagem, que é a narradora, e que também decide partir para a floresta. Ela se inspirou em Juliane porque esse é um trabalho que ela faz, enquanto artesã, e que vem compartilhando há anos através das redes sociais. “Ela faz os chapéus mais incríveis do mundo. Se os seus chapéus mudam pensamentos, eu não posso afirmar, mas na história acontece e até muda a vida de algumas pessoas”, conta a autora, na apresentação da obra.

Para Juliane, que lê a poesia de Murray desde adolescente, foi uma emoção indescritível. “Me ver quase como um personagem do livro dela, meus chapéus inspirando essa história mágica, pra mim, foi a magia concretizada. O universo me mostrando que a vida vale a pena.” Além de ter sido uma realização enorme, também mostrou para a artesã como os laços de amizade podem ficar mais fortes depois de momentos difíceis. “É como se fôssemos cúmplices de um segredo, que é a fragilidade da vida. Por isso a importância da beleza e da poesia enquanto estivermos vivas. Porque a vida sem poesia é uma vida triste.”

Para Juliane, Roseana se tornou uma força muito importante para a sua recuperação. “Quando fui acidentada e fui pro hospital, a Juliane também teve um problema muito sério. (..) Acompanhei tudo com coração partido, porque ela é tão jovem e tão bela. Mas ela também foi muito corajosa, porque, assim como eu, não deixou que isso arrasasse ela”, diz Roseana. 

‘Os e-books são meus presentes’

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‘Minha vida é a literatura’, diz Roseana Murray (Foto: Reprodução / Redes sociais)

Além dessa obra, Roseana tem dezenas de outros e-books disponibilizados em seu site. Com uma longa carreira na literatura,  lançou como um dos seus títulos mais recentes “O braço mágico”, que fala sobre a transformação de um membro que faltava em um braço mágico, feito de prótese. A história foi inspirada no que aconteceu com ela, quando perdeu o braço no acidente. Apesar de não ter se adaptado à prótese, ficou a inspiração que gerou a obra, que é baseada no carinho dos netos, que só queriam que ela sobrevivesse. 

A literatura, para ela, é uma forma de transformar e, por isso, também foi importante passar a disponibilizar os livros digitais para chegarem ao maior número possível de pessoas. “Os e-books são meus presentes para as escolas. Nós colocamos no site, e eu tenho um retorno muito legal, e as escolas públicas podem ter acesso a boa parte da minha obra”, conta a autora.

A literatura salva

Mais de um ano depois do ataque que sofreu, em Saquarema, Roseana pôde continuar escrevendo. Ao longo desse ano, ela ainda enfrentou a morte do marido, o também escritor Juan Arias Martínez, e se mudou para Visconde de Mauá para ficar próxima da família. “A escrita me ajudou muito, com certeza absoluta. Eu não só escrevo, como tenho dois clubes de leitura. Recebo professoras, crianças e adolescentes para a gente tomar um café e conversar sobre livros. Vivo em função dos livros, estou sempre lendo, a minha vida é a literatura”, declara ela, que também participou da Bienal do Rio de Janeiro e já é presença confirmada na Flipinha, em Paraty, com início em 30 de julho.

Ela segue se inspirando nos sentimentos, na natureza e em acontecimentos de sua vida para a poesia. Um dos trabalhos mais recentes, realizado junto com William Amorim, é sobre as mudanças da vida. “Eu não posso parar de criar. Não existe essa possibilidade, eu sou misturada com a minha poesia”, diz ela.

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