Cinco pessoas indiciadas no caso Matheus Goldoni
Atualizada às 20h10
[Relaciondas_post] Após dez meses de investigação, o delegado Rodrigo Rolli concluiu que Matheus Goldoni Ribeiro, 18 anos, encontrado morto em novembro passado após se envolver um uma briga passional na boate Privilège, foi assassinado. Em coletiva de imprensa realizada na tarde de ontem, o delegado anunciou que dois seguranças e o gerente operacional da casa noturna foram indiciados por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e sem chance de defesa da vítima. Pelo mesmo crime, também foi indiciado um ex-segurança da casa, que teria dado carona em uma moto ao gerente para perseguir a vítima até a entrada da mata onde o corpo do adolescente foi encontrado. Rodrigo Rolli indiciou ainda um flanelinha, que teria visto toda a movimentação, por falso testemunho. Matheus foi encontrado sem vida na manhã do dia 17 de novembro do ano passado, nas águas da cachoeira do Vale do Ipê, cerca de 56 horas após ser visto pela última vez, do lado de fora da casa noturna Privilège, no Bairro São Pedro, Cidade Alta.
De acordo com o delegado, a decisão pelo indiciamento foi tomada com base nas provas testemunhais e nos laudos periciais, mas não foi possível deixar claro no inquérito as circunstâncias exatas em que o crime aconteceu, já que ninguém viu o que ocorreu no interior da mata. O laudo de necropsia apontou que Matheus foi morto por afogamento, de forma violenta, e que quando ele caiu na água ainda estava vivo. Ele lembrou ainda que a perícia não conseguiu determinar o que causou uma lesão interna no peito da vítima. Durante as apurações, 49 pessoas foram ouvidas e 14 acareações feitas. “Os investigados negaram o fato a todo momento. Porém, temos testemunhas importantes e que nos dão elementos para fazer o indiciamento. Durante as apurações, nos perguntamos como Matheus, que nunca sequer tinha ido à casa noturna, chegou sozinho ao ponto onde foi encontrado morto. Isto também é apontado pela perícia. É um local ermo, de difícil acesso, com mata densa. Como ele poderia adentrar na mata de forma desvairada sem ter alguém que tenha o levado até o ponto?”, questionou o delegado, lembrando que o laudo das vísceras do jovem não apontou presença de álcool ou drogas em seu organismo.
Rodrigo Rolli ressaltou que uma testemunha-chave teria escutado o gerente da casa, ao retornar ao local depois do crime, ter dito a um segurança: “Pegamos o menino. Lá dentro te conto”. O delegado afirmou ainda que, durante as oitivas, os seguranças e o gerente operacional alegaram que foram atrás de Matheus, logo após ele ter sido expulso, para impedir que ele continuasse a quebrar retrovisores de carros que estavam parados na via. “Este fato não foi confirmado por nenhuma das testemunhas que estavam do lado de fora do estabelecimento”, afirmou Rolli.
Em seu relatório para a Justiça, o delegado destaca considerar a possibilidade de omissão de fatos importantes por algumas testemunhas, que teriam visto os seguranças entrando na mata atrás da vítima. “Estou indicando ao Ministério Público a possibilidade destas pessoas não estarem trazendo verdade efetiva à esta investigação. Cabe ao Ministério Público e ao Judiciário agora adotar ou não medidas cabíveis”, disse.
Os pais de Matheus acompanharam a coletiva de imprensa. Muito emocionada, a mãe do jovem assassinado, Nívea Goldoni, disse estar aliviada. “A gente busca desde o início isto: que a verdade aparecesse. Agora podemos suspirar um pouco aliviados nesta primeira etapa, só buscamos que a justiça seja feita”, disse.
A assessoria de comunicação da casa noturna informou que o Privilège só vai se pronunciar sobre o assunto após ter acesso ao documento com o resultado final das investigações.
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