Caso Matheus Goldoni pode ter um novo julgamento
Desembargadores do TJMG acataram recurso da defesa de dois condenados, que argumentou que ‘condenação foi manifestamente contrária à prova dos autos’
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) deverá publicar, na próxima semana, uma decisão que levaria a um novo júri do caso da morte do jovem Matheus Goldoni Ribeiro, 18 anos. O julgamento, ocorrido em agosto do ano passado, foi o de maior repercussão e duração na história de Juiz de Fora, com mais de quatro dias de depoimentos e debates. O corpo de Matheus foi encontrado em novembro de 2014 nas águas da cachoeira do Vale do Ipê, cerca de 56 horas após o jovem ter sido visto pela última vez no entorno da boate Privilège, na Estrada Engenheiro Gentil Forn, na Cidade Alta.
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A decisão do TJMG, ocorrida na tarde de quarta-feira (9) durante videoconferência, anula o julgamento anterior, acolhendo o pedido do advogado dos réus, Ricardo Fortuna, que apresentou recurso na segunda instância a favor dos dois seguranças que trabalhavam na casa noturna na noite em que Matheus esteve no local. Adelino Batista da Silva e Aroldo Brandão Júnior haviam sido condenados por homicídio doloso, após decisão do conselho de sentença, composto por sete jurados. Eles foram sentenciados, na época, a 18 anos de reclusão em regime inicialmente fechado e puderam recorrer em liberdade. Como os desembargadores da 4ª Câmara do TJMG decidiram nesta semana, por unanimidade, que a condenação dos seguranças foi manifestamente contrária à prova dos autos, um novo julgamento deverá ser marcado.
O advogado Ricardo Fortuna, responsável pela elaboração do recurso referente aos dois condenados, preferiu não se pronunciar até que o acórdão seja publicado, o que deve acontecer entre as próximas terça (15) e quarta-feiras (16). A decisão ainda pode ser levada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Segundo Fortuna, não houve recurso, nem por parte do Ministério Público, referente ao resultado do julgamento do gerente operacional da boate à época dos fatos, Fabrício Teixeira da Silva. Ele foi condenado a dois anos de detenção em regime aberto por homicídio culposo, sendo a pena convertida em serviços comunitários, ficando ainda proibido, temporariamente, de ser gerente operacional de casa noturna ou segurança durante o período da pena. Também não houve mudança em relação ao réu Marco Aurélio de Oliveira, ex-segurança da Privilège, que, conforme a acusação, teria dado carona a um dos seguranças para alcançar Matheus. Ele foi absolvido no julgamento do ano passado.
Procurada pela Tribuna nesta quinta-feira (10), a mãe de Matheus, Nívea Goldoni, disse que também só vai se manifestar sobre o teor da decisão após sua publicação. Questionada sobre como seria enfrentar um novo julgamento, após o primeiro ter demorado quase cinco anos, ela disse buscar forças em Deus. “Com certeza, será muito sofrimento passar por tudo novamente, mas seguimos firmes.”
Tópicos: matheus goldoni