Covid-19: ligações auxiliam em triagem e esclarecimento de dúvidas
Atendimentos reúnem quase 50 profissionais em JF dedicados a orientar a população
“Estou com sintomas que se assemelham aos da Covid-19. O que fazer?” Esta é uma das dúvidas mais frequentes solucionadas por especialistas em Juiz de Fora, não em hospitais ou unidades de saúde, mas sim por telefone. O serviço se tornou uma espécie de pré-triagem e tem atuado no encaminhamento de possíveis casos de Covid-19 e no esclarecimento de dúvidas da população a respeito da doença. Quase 50 profissionais revezam a atuação diária no atendimento telefônico em serviços da esfera pública e privada.
Todos os serviços ouvidos pela Tribuna entraram em funcionamento entre março e abril, quando os primeiros casos da doença foram confirmados na cidade e as medidas de isolamento social começaram a ser implantadas. A primeira iniciativa neste sentido foi adotada pela Unimed Juiz de Fora, por meio do “Disque-corona” – (32 3249- 5709). O serviço funciona 24 horas, todos os dias – incluindo finais de semana e feriados – e é composto por uma equipe multidisciplinar formada por 22 profissionais da saúde. Em dois meses de trabalho, foram registrados mais de 1.700 atendimentos, sendo a maioria auxiliada pela equipe assistencial, que inclui enfermeiros e psicólogos. Nas demais operações, o usuário foi orientado ao isolamento domiciliar/monitoramento, contou com orientação médica, ou, em último caso, recebeu encaminhamento hospitalar.
Em contato com a reportagem, a Unimed informou que a estrutura montada visa a esclarecer dúvidas, além de oferecer apoio médico e emocional a quem procura pelo serviço, sendo cliente ou não. “A intenção é garantir à população informações essenciais sobre o novo coronavírus e fazer os encaminhamentos necessários nos casos suspeitos da doença. Caso o atendimento telefônico aponte para a necessidade de uma avaliação presencial, clientes da Unimed Juiz de Fora são encaminhados ao Hospital Unimed. Não clientes Unimed são orientados a seguir o fluxo da Secretaria Municipal de Saúde, ajustado com a rede pública.”
Outro instrumento particular é o “Sinai Responde” (32 2104-4759) desenvolvido pelo Hospital Monte Sinai. Com quase quarenta dias úteis de funcionamento, o serviço recebe, em média, 2,5 ligações por dia, atendidas pelo enfermeiro Leone Mendes Dias em horário comercial, de segunda à sexta-feira. Um levantamento realizado pelo hospital revelou que, a idade média dos atendidos é de 40 anos e 63,5% são mulheres. Quase metade de quem liga está fora do grupo de risco, mas imunossuprimidos e hipertensos se destacam entre o restante, somando 37% do público. Em nota, o Monte Sinai explicou que o serviço telefônico é destinado a população em geral, mas o hospital só atende a planos de saúde. “O principal objetivo foi disponibilizar um canal de comunicação para quem precisar tirar dúvidas sobre sintomas, atendimento no hospital, fluxos de triagem e todos os serviços disponibilizados envolvendo a Covid-19.”
Parceria entre Prefeitura e UFJF
Há um mês, a Prefeitura, em parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), colocou em funcionamento o “Disque-coronavírus” (32 3512-0768), ferramenta de autoavaliação telefônica, desenvolvido pela empresa Nvoip. Nele, o atendimento é realizado por um robô que oferece ao usuário duas opções: a realização de autodiagnóstico e o esclarecimento de dúvidas frequentes relacionadas a doença.
Outro serviço resultante desta parceria é o “Busco-saúde”, startup criada pelo engenheiro de produção Adalton da Silva Ramos Júnior, formado na UFJF, e pelo bacharel em Sistemas de Informação João Celson de Paula Júnior, formado pelo CES. Na plataforma, o usuário é recepcionado por atendente virtual. É possível fazer autodiagnóstico, para verificar se o caso se encaixa como suspeito da doença. Caso indique a possibilidade de estar acometido, o usuário é redirecionado para um dos profissionais de saúde participantes da iniciativa.
Durante o período no ar, o sistema teve 177 pacientes cadastrados. Destes, 141 utilizaram o serviço de registro de sintomas, sendo 50 pelo Busco-Saúde e 91 por ligações pelo Disque-Coronavírus. Por telefone, 25 casos foram registrados como não suspeitos e 66 como suspeitos, sendo que destes apenas 23 se mantiveram na linha para serem atendidos pelos médicos.
Tendo em vista a quantidade de registros crescentes da doença na cidade, os atendimentos realizados estão abaixo do ideal, como explica a pesquisadora do programa de Pós-Graduação em Modelagem Computacional da UFJF, Priscila Capriles, integrante da coordenação do projeto. “No início, quando estávamos validando o sistema, o número ficou dentro do esperado e recrutamos mais profissionais (25 atualmente). Porém esse número vem diminuindo. Consideramos hoje que ele está muito abaixo do que esperávamos. Tendo em vista que os casos continuam aumentando, acreditamos que necessitarmos de uma divulgação mais constante e próxima da população”, conclui.
Tópicos: coronavírus