Caso Brunna Letycia: quase um ano após assassinato, pai morre e processo permanece suspenso
João Batista, pai de Brunna Letycia, aguardava desfecho do crime que vitimou a filha
“Pai de uma vítima que foi brutalmente assassinada”, era como João Batista se definia desde que a filha foi morta, colocada em uma mala e parcialmente carbonizada, em janeiro de 2024, na cidade de Juiz de Fora. No início deste mês, próximo à data que marcaria um ano do crime que vitimou Brunna Letycia, João faleceu, sem presenciar a conclusão do caso, que, até o momento, permanece suspenso.
Em entrevista à Tribuna, em maio do último ano, o homem relatava sua dor e a busca por justiça. Ele participou como observador da audiência de instrução do caso, que aconteceu na segunda quinzena daquele mês. Naquele dia, a sessão não terminou como ele esperava, o julgamento em júri popular foi adiado quando a defesa de Renata Sant’Ana, indiciada pelo crime junto do então namorado Herick Dornelas, alegou insanidade mental.
“Como pai da vítima, me agradou ‘saber’ que o réu Herick Dornelas provavelmente será condenado a muitos anos de cadeia. Mas, em relação a Renata, fiquei decepcionado com essa demanda de tempo para que ela seja avaliada. Para mim, principalmente como pai de uma vítima que foi brutalmente assassinada, essa coisa de insanidade mental em relação a Renata é uma verdadeira piada”, contou João Batista, pai de Brunna, à Tribuna na época.
Em primeiro de janeiro deste ano, o homem morreu em decorrência de um problema cardíaco. O coração não estava bombeando sangue suficiente para o organismo e ele veio a óbito. Segundo um parente próximo, ele nunca tinha tido problemas de coração, “ele morreu foi de tristeza, não suportou a dor da perda”, contou. O homem não presenciou a conclusão do processo, que está suspenso desde 25 de julho do ano passado, por decisão da juíza Joyce Souza de Paula. A interrupção ocorre enquanto se aguarda a resolução da alegação de insanidade apresentada pela defesa de Renata. A suspeita, conforme informou o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, entrou com pedido de habeas corpus – para permanecer em liberdade – recentemente. A solicitação foi negada e a advogada da ré recorreu a decisão.
Relembre o caso
Na noite do dia 2 de janeiro, câmeras de segurança de um prédio, no Bairro Previdenciários, mostravam Brunna indo em direção ao apartamento do casal, acompanhada de um dos suspeitos. A jovem, porém, não foi vista saindo. A gravação evidenciava posteriormente pessoas que seriam Herick e Renata deixando o condomínio carregando uma mala, que teria sido usada para colocar o corpo da vítima já sem vida, após ter sido asfixiada.
Durante depoimento à polícia, a suspeita disse ter sentido ciúmes da menina com o marido, momento em que eles começaram a discutir. O conflito fez com que Brunna ligasse para amigos irem buscá-la, mas o homem teria tomado o celular dela e, em seguida, a asfixiado.
O casal foi até o Bairro Milho Branco, na Zona Norte da cidade, transportando o cadáver dentro de um carro de aplicativo. Já no local, eles levaram a mala com o corpo de Brunna para um matagal e atearam fogo. O corpo só foi encontrado pela Polícia Civil dois dias depois, devido aos esforços de um amigo da vítima – que insistiu que ela fosse procurada, sinalizando que algo de errado havia ocorrido. Durante as diligências da polícia o casal foi preso em flagrante e, após um mês de investigação, os suspeitos foram indiciados.
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