Caso Sebastião Felipe: homicídio no Aeroporto tem primeira audiência de instrução nesta segunda-feira
Previsão é de que 14 testemunhas da acusação sejam ouvidas na primeira audiência do processo
A partir das 13h30 desta segunda-feira (15), acontece a primeira audiência de instrução do homicídio de Sebastião Felipe – morto aos 37 anos, após um conflito na casa noturna Madeira’s Lounge, no Bairro Aeroporto, Cidade Alta, em 23 de março deste ano. Nesta etapa, que não corresponde ainda ao julgamento, serão ouvidas 14 testemunhas de acusação arroladas no processo e apresentadas provas no Fórum Benjamin Colucci, no Centro de Juiz de Fora. Após esse trâmite, está previsto que ocorra uma nova audiência para ouvir as testemunhas de defesa e posterior interrogatório dos réus.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) destacou que o caso segue em segredo de Justiça e, portanto, a audiência será restrita à presença das partes.
Ao todo, dez pessoas foram denunciadas por envolvimento no crime: Itamar Bisaggio Junior, Lucas Dias Nascimento Toledo, Yago Natã Delibero de Carvalho, Yhan Damas Galvão, Ricardo Venturini Matozinhos Matos e Fabiano Marques Lima receberam denúncia por homicídio qualificado por motivo fútil; Victor Oliveira Assis Madeira, sócio do estabelecimento Madeira’s, e os seguranças João Pedro Lopes da Silva Souto, João Carlos de Oliveira e Rafael Jefferson de Souza Venâncio são acusados pelo crime de homicídio na modalidade omissiva, quando o acusado poderia e deveria agir para evitar o resultado, mas não o fez.

A Tribuna entrou em contato com os representantes de todas as partes envolvidas no processo. O advogado Thiago Rodrigues, que representa Yhan Damas e Fabiano Marques Lima, divulgou a seguinte nota: “estamos prontos para defender os acusados com técnica, coragem e compromisso com a justiça. Esperamos um julgamento justo e que sejam respeitados os direitos e garantias individuais. Que prevaleça a justiça!”
Já o advogado Thiago Almeida, que está na defesa de Lucas Dias, destacou que confia que na audiência de instrução “ficará claro que sua conduta não teve por objetivo a prática de homicídio. Embora tenha se envolvido em um tumulto inicial, os elementos trazidos pela Polícia Civil demonstram que ele se afastou do local antes do evento fatal. Mais: o vídeo amplamente divulgado nas redes sociais mostra que Lucas, a partir de certo momento, chegou a tentar impedir o agravamento da situação. É importante lembrar que não existe responsabilidade penal coletiva: pela lei, cada pessoa deve responder por seus próprios atos. Um processo justo depende do exame cuidadoso sobre a real participação de cada um na cadeia de fatos que culminaram no trágico desfecho”.
Na defesa de Yago Natã Delibero de Carvalho, o advogado Luiz Lima pontuou que “expectativa de hoje é no sentido de trazer à tona alguns pontos que se encontram obscuros”. Ele acrescentou que “quando a gente se fala de justiça, a gente não está falando de vingança, de uma condenação exacerbada. Então, o que a gente busca hoje é que cada um dos acusados responda pela sua ação, no caso em concreto, que não seja colocado todo mundo no mesmo enredo ou no mesmo bojo de acusação. A gente entende a necessidade dessa individualização das condutas”, finalizou.
As demais defesas, bem como a Defensoria Pública que representa a família da vítima, foram contatadas, mas não responderam até o momento de publicação desta matéria – que terá os posicionamentos atualizados tão logo sejam recebidos.
‘Nós também somos vítimas’, diz irmã de Sebastião Felipe
Antes do início da audiência, os familiares de Sebastião Felipe Ladeira estavam em frente ao Fórum Benjamim Colucci com cartazes de protesto em mãos e camisas com fotos da vítima. “É muito difícil mesmo estar aqui, porém a gente sabe que há essa necessidade de estar aqui cobrando a justiça”, diz Marlene Ladeira, irmã da vítima. Ela conta que sua família espera que os réus sejam julgados por júri popular e que todos sejam igualmente punidos.
Marlene também queixou-se sobre a falta de repasse de informações sobre o processo. “Não entendo como pode haver segredo de Justiça para a família da vítima. Nós também somos vítimas, não vamos fazer nada contra o processo.”
Seu irmão, Bruno Ladeira, destaca que, entre os envolvidos, está o proprietário do estabelecimento, o qual, de acordo com ele, deveria resguardar e proteger seus clientes, o que não aconteceu naquela noite. “Ele simplesmente está em liberdade e curtindo a sua vida normalmente. Infelizmente a justiça não está sendo do jeito que tem que ser. Ele tem que ser punido tanto quanto os outros ou mais.”
Já a mãe de Sebastião Felipe, Ana Maria Ribeiro, disse consentir com o que os filhos dizem e também lamenta a falta de acesso às informações sobre o processo. “É difícil, né? Nós não conseguimos entrar. O segredo está sendo só para a família.”
Alexandre Ribeiro de Mendonça, tio da vítima, declarou que a família exige que a justiça seja feita e que a lei seja cumprida. “Tem uma frase que fala ‘contra imagens, não tem argumento’. Não tem justificativa para a covardia que fizeram com o meu sobrinho. A justiça é lenta, mas vai acontecer.”
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