Moradores do Bairro Industrial sentem impacto das chuvas
Em alguns pontos da região, lixo ficou espalhado pela via pública. Segundo Demlurb, situação, pontual, foi normalizada nesta quarta-feira. Caminhão-pipa fez lavagem de avenida
Após a chuva registrada no último sábado, dia 10, em que choveu 70% do volume de água esperado para todo o mês de março, em cinco horas, moradores do Bairro Industrial, na Zona Norte, continuaram convivendo com o prejuízo. De acordo com alguns habitantes do local, no sábado, houve atraso na coleta de lixo, que, segundo eles, seria feita, normalmente, até as 14h. Em função deste atraso, que estaria sendo sentido por eles há algumas semanas, o lixo depositado nas vias para coleta foi levado junto com a água que inundou a localidade e, até a última quarta-feira (14), ainda ocupava as ruas do bairro, em especial a Henrique Simões e a Thomaz Cameron.
“Depois, por causa da chuva, o caminhão não conseguiu entrar na rua. O lixo todo ficou boiando. Logo, quando a água terminou de baixar, na segunda-feira (12), tivemos noção da quantidade de lixo que deixou de ser recolhida e permanece nas ruas. Ficou tudo muito cheio de lama. Solicitamos um caminhão-pipa à Prefeitura, mas não tivemos resposta a respeito”, lamentou a moradora Renata Morais, que reside no bairro há 24 anos. Renata disse ainda que uma equipe do Demlurb esteve no local, na tarde de quarta-feira, para fazer a coleta normalmente, mas ela não levou o lixo acumulado após a enchente.
“O Demlurb pegou alguns móveis de vizinhos que perderam tudo. Esses entulhos, eles retiraram. Mas as ruas continuaram sem limpeza. Há uma poeira, inclusive, que achamos que é prejudicial à saúde. Nossa região sempre sofre muito com as chuvas. Ano passado choveu pouco, não tivemos esse problema, mas, quando chove muito, acontece, é recorrente”, afirmou Renata.
Ela reivindica que a Prefeitura isente ou conceda um desconto no valor da conta de água para moradores que utilizaram sua própria água para limpar suas casas. Um vizinho precisou usar uma mangueira por duas horas para conseguir limpar sua casa. “Imagina a conta do mês que vem, vai ser um absurdo. Mas nós ligamos, mandamos fotos, pedimos à Prefeitura, mas eles não mandaram a ajuda. Nós ficamos revoltados, porque pagamos nossos impostos, o IPTU, as contas, mas não vemos retorno quando precisamos.”
Fernanda Assis Alves, que reside no Bairro Industrial há dez anos, também teve prejuízos. A mãe dela perdeu móveis. “Em frente ao prédio em que moro, há um bueiro, existe uma manilha que liga uma rua a outra, uma servidão. O bueiro daqui é um dos que mais entopem. A água volta toda por ele. E, quando chove, como no sábado, ela sobe muito rápido. Tive que carregar minha filha nas costas, porque não tinha como passar. Tivemos que atravessar pela água. Nós colocamos chapas de contenção, mas não adianta.”
Fernanda, a mãe e a filha passaram a noite na escada do prédio. Elas ainda pagam as prestações do apartamento em que vivem. “É um descaso muito grande. Devido ao grande fluxo de água, a rua ficou cheia de buracos, cheia de lixo. Se a coleta tivesse passado antes, não seria preciso conviver com toda essa sujeira que ficou depois que a água baixou.”
Por meio de nota, a Prefeitura se pronunciou, justificando que, além da estação chuvosa, no início da semana, foi registrado, em Juiz de Fora, um volume intenso de precipitação. “Por essa razão, houve um atraso, pontual, na prestação dos serviços de coleta domiciliar no Bairro Industrial. No entanto, o atendimento já foi normalizado. Na tarde desta quarta-feira, 14, o Demlurb também realizou, com um caminhão-pipa, a lavagem da Avenida Lúcio Bittencourt, próxima ao córrego que passa pelo bairro.”
O presidente da Associação de Moradores do Bairro, José Chaves Júnior, que reside na localidade há mais de 40 anos, confirma que as pessoas sofrem com as chuvas. “O Paraibuna não precisa nem transbordar não, volta tudo pelas bocas de lobo. As residências ficam abaixo do nível do rio, um ou dois metros, dependendo do ponto em que estão. Nesse tempo todo, já fizeram alguns paliativos, mas nada que resolvesse a situação.”
Ainda de acordo com Chaves, foram solicitadas várias intervenções ao longo do tempo, mas elas não foram acatadas, seja pela falta de recursos ou por questões ambientais. A resolução, na opinião dele, só viria com uma ação a longo prazo.
Quanto à coleta de lixo, o presidente da associação afirmou que a mudança no horário já foi feita há algum tempo, tendo sido avisada à população. “Eles passam por volta das 4h (madrugada). Foi programado, e a comunidade sabe. Penso que também não podemos afirmar que o caminhão do Demlurb não tenha ficado ilhado em algum outro ponto. Choveu muito no sábado.” Chaves também afirmou que, embora a Prefeitura tenha feito a coleta dos móveis que a população perdeu, não houve limpeza das ruas, que ainda estão sujas com o barro que ficou após a baixa da água. “Ainda vamos ser reféns dessa situação por muitos anos, enquanto tudo isso não se resolver. Vamos ver as pessoas perdendo móveis, a água entrando nas casas.”