Terreno da Missa do Impossível será transferido definitivamente para Arquidiocese de JF
Transferência da posse do local será assinada pelo presidente Lula nesta quinta, de acordo com anúncio do padre Pierre
O presidente Lula assina, nesta quinta-feira (11), em Belo Horizonte, a transferência da posse definitiva para a Arquidiocese de Juiz de Fora do terreno onde, todas as terças-feiras, é celebrada a tradicional Missa do Impossível, na Rua Coronel Delfino Faria, no Bairro Santa Teresa, região Sudeste. O anúncio foi feito pelo criador e cerimonialista da celebração, padre Pierre Maurício, durante a última Missa do Impossível de 2025, realizada nessa terça-feira (9).
Durante o anúncio aos fiéis, o pároco contou que recebeu a ligação na segunda-feira (8) e definiu a notícia como a realização de seu “impossível”. “O impossível do padre aconteceu. Agora a casa é nossa. Antes, estava emprestado; agora, podemos edificar”, afirmou. Ele confirmou que estará presente na assinatura em Belo Horizonte e anunciou que, a partir de 1º de janeiro de 2026, começam as obras oficiais no terreno.
O sacerdote agradeceu o apoio dos fiéis e lembrou que esperou 11 anos pela concretização desse desejo. “Foram 11 anos lutando por isso e, agora, na quinta-feira, depois desta Missa, o meu impossível, o nosso impossível, acontece.”
Durante mais de quatro anos, a Arquidiocese de Juiz de Fora, sob a condução do arcebispo metropolitano dom Gil Antônio Moreira, esteve envolvida em negociações com o Poder Público para garantir que o terreno tivesse destinação social e religiosa. A conquista veio em junho de 2024, quando a União concedeu à Arquidiocese a guarda provisória da área.
A Tribuna procurou a Arquidiocese para confirmar a informação e obter detalhes sobre o trâmite, mas a instituição respondeu apenas que se pronunciará “oportunamente”.
Localizado na região Sudeste de Juiz de Fora, o Espaço do Impossível, que ganhou forma em outubro de 2024, agora dá novos passos para se tornar oficialmente o Santuário de Nossa Senhora dos Impossíveis, concretizando uma visão que o padre Pierre Maurício carregava desde os tempos em que atuava na Paróquia São José, a primeira a receber o projeto.
O jovem que transformou o impossível em Missa
Criada pouco antes de completar seu primeiro ano de sacerdócio, a Missa do Impossível nasceu de um encontro entre o jovem padre e os grupos de jovens. Foi durante uma confissão que tudo começou. Diante dele, um rapaz desabafou que estava prestes a desistir da fé. “O que eu peço é impossível de acontecer”, dizia.
A partir daquele pedido, surgiu a ideia da Missa do Impossível – não como um grande projeto, mas como uma novena às terças-feiras, pensada para reacender a esperança em corações cansados.
Com a adesão crescente dos fiéis, ao fim da primeira novena, o padre Pierre foi transferido para a Paróquia São José, no Bairro Costa Carvalho. Foi ali que a Missa do Impossível deixou de ser uma experiência passageira para se tornar tradição. O que começou com um pequeno grupo transformou-se em rotina sagrada: todas as terças-feiras, durante 11 anos ininterruptos, a celebração se repetiu, com orações intensas, louvores emocionantes e uma fé cada vez mais coletiva.
O impacto foi tão significativo que, em 2022, a Missa do Impossível foi reconhecida como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial de Juiz de Fora. Uma celebração que não apenas mobiliza a cidade, mas também marca vidas e histórias.
Nas últimas missas de cada ano, o número de participantes cresce de forma exponencial. Para acomodar a multidão, foi preciso sair dos limites das igrejas. Assim como nos dois últimos anos, a Praça Antônio Carlos se tornou o palco da fé. Na edição que comemorou os dez anos da Missa do Impossível, realizada em 10 de dezembro do ano passado, cerca de 30 mil pessoas se reuniram em uma só voz para celebrar o impossível que se realiza.
Última Missa do Impossível do ano mobiliza fiéis mesmo sob chuva
Na noite de terça-feira (9), milhares de fiéis se reuniram no campo do Sport, em Juiz de Fora, para celebrar a última Missa do Impossível do ano. De acordo com o padre Pierre Maurício, cerca de 40 mil pessoas participaram da celebração, mesmo debaixo de chuva. A chegada do público formou filas na entrada do campo. Ao mesmo tempo, a missa foi transmitida pelo canal do sacerdote no YouTube e acompanhada, em tempo real, por cerca de 10 mil espectadores.
O tema escolhido para esta edição foi “Eram tantos peixes que as redes se rasgaram”, em referência ao episódio bíblico da pesca milagrosa, reforçando a mensagem central da celebração de que, para Deus, nada é impossível.
A celebração começou com a animação característica das missas conduzidas pelo pároco, mas, durante a liturgia, a chuva começou a ganhar força. Apesar do mau tempo, os fiéis permaneceram no local até a bênção final com o Santíssimo Sacramento.
A missa marcou o encerramento do ciclo de 2025 e reuniu moradores de Juiz de Fora e de outras cidades da região em um momento de fé, agradecimento e renovação de esperança.
