PJF anuncia conjunto de obras para evitar enchentes no Bairro Industrial

Secretário municipal afirma que serão feitas intervenções no Rio Paraibuna e no Córrego Humaitá, como construção de dique de contenção e sistema de comporta


Por Mariana Floriano, sob supervisão da editora Luciane Faquini

01/02/2022 às 21h10

Secretario Obras Lincoln by fernando priamo
Em entrevista à Tribuna, secretário de Obras, Lincoln Santos Lima, explica intervenções propostas pela Prefeitura, como construção de dique de contenção e sistema de comportas (Foto: Fernando Priamo)

Com o objetivo de solucionar o problema histórico das enchentes no Bairro Industrial, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) propôs obras que devem ser realizadas tanto no Rio Paraibuna como no Córrego Humaitá. Em entrevista exclusiva à Tribuna, o secretário de Obras, Lincoln Santos Lima, deu detalhes do projeto, que ainda está em fase de planejamento, sem data prevista para o início de sua execução.

O anúncio das intervenções no Bairro Industrial ocorreu após visita técnica do Executivo à comunidade na última sexta-feira (28). Compareceram a prefeita Margarida Salomão, juntamente com os secretários de Comunicação, Márcio Guerra, de Governo, Cidinha Louzada, e de Obras. No dia 16 de janeiro, a Tribuna mostrou o drama de moradores do bairro que sofrem com as cheias há pelo menos 50 anos.

Segundo Lincoln, para que o problema das cheias seja resolvido de vez, é preciso um conjunto de intervenções que evite que as águas do Paraibuna saiam da calha. “Em um trecho de cerca de 500 metros, na altura do Bairro Industrial, historicamente, o Rio Paraibuna sai da calha. Nessa região será construído um grande dique de contenção nas margens do rio”, explica.

De acordo com o secretário, tal intervenção é necessária para evitar também que a água do Paraibuna retorne para o Córrego Humaitá – que está nivelado geograficamente abaixo do curso do rio principal. “Faremos um sistema de comporta no lançamento do Humaitá no Paraibuna. Com isso, quando o nível do Paraibuna se elevar a ponto de voltar para o Humaitá, as comportas se fecham e a água do córrego será transposta através de uma elevatória.”

Esgoto será direcionado

Outro problema relatado pelos moradores do bairro é o retorno do esgoto sanitário para dentro das casas. Segundo eles, mesmo quando o rio não transborda, a água invade as casas voltando pelo encanamento. Sobre isso, o secretário afirmou que a Cesama já vem se mobilizando para que o problema seja solucionado. “Um interceptor já foi feito às margens do Rio Paraibuna, e o próximo passo é a construção de um coletor nas margens do Humaitá. Com isso, todo o esgoto do Bairro Industrial será direcionado para a estação de tratamento do Barbosa Lage.”

Obras ainda sem prazo

O projeto para a realização das obras, segundo Lincoln, ainda está em fase de contratação. O plano será orçado e, somente após esta etapa, será feita a solicitação de verba para sua execução. “Estamos orçando primeiramente com algumas empresas. No momento em que ele (o plano) estiver detalhado a nível de processo executivo, vamos arrumar recursos para fazer essa obra. Mas isso é uma promessa de campanha (da prefeita) que iremos solucionar.”

Conforme o secretário, o prazo de execução das obras é de, no mínimo, seis meses, e as intervenções nos rios não podem ser feitas em períodos chuvosos. Sendo assim, ele afirmou que não é possível garantir que a situação esteja solucionada até o próximo período chuvoso. “Se contratarmos o projeto ainda esse mês, teremos o prazo de seis meses para a execução, e daqui a pouco entraremos no período de chuva novamente. Temos que levar em conta o tempo para fazer o termo de referência, colocar a licitação ‘na rua’, para aí sim começar a execução da obra. (…) Não podemos garantir que a obra esteja pronta até o próximo verão, mas trabalharemos intensamente para que isso seja possível.”

Muro de contenção deve ser iniciado na próxima semana

Apesar disso, uma das intervenções no Bairro Industrial que já tem prazo para acontecer é a reconstrução do muro de contenção do Córrego Humaitá. Segundo o secretário, a licitação para a obra foi concluída, e a ordem de serviço será dada na próxima semana. As obras serão realizadas com recursos provenientes do acordo com a mineradora Vale, que direcionou R$ 30 milhões ao município. 

Parte da mureta de contenção do córrego desabou devido às chuvas em agosto do ano passado. Porém, o secretário enfatiza que as obras não irão apenas reconstruir a parte degradada, mas refazer todo o trecho que apresenta sinais de erosão. “Se você reparar, toda a contenção está inclinada em direção ao rio, ela pode cair a qualquer momento, é só questão de tempo. Já contratamos a empresa para refazer todo o trecho que apresenta essa inclinação”, diz Lincoln.

‘Dragagem não funciona’

Entre os pedidos dos moradores do bairro está a realização de dragagens no fundo do Rio Paraibuna. De acordo com eles, tal intervenção poderia solucionar, mesmo que paliativamente, o problema das cheias. No entanto, o secretário de Obras é enfático ao dizer que as drenagens não solucionarão a questão. “Nos anos de 2005 e 2006 foi feito o maior servidor de dragagem que o Paraibuna já recebeu, e em 2007 aconteceu uma das maiores inundações do Bairro Industrial. O problema não é a falta de dragagem.”

margarida salomao bairro industrial chuva by reproducao
Lincoln Santos de Lima, titular da Secretaria de Obras, esteve na comunidade com a prefeita Margarida Salomão após publicação de matéria da Tribuna

Outra situação colocada pela própria Associação de Moradores do Bairro Industrial foi o desvio do Córrego Humaitá em 45 graus, para que ele não saia em linha reta no Rio Paraibuna. Lincoln afirma que, do ponto de vista da engenharia, tal solução também não seria satisfatória. “Lá é o que chamamos de vasos comunicantes: se um vaso está mais alto que o outro, a tendência é eles se igualarem. No existe milagre, existe solução de engenharia”, diz.

Plano Municipal de Drenagem

Em resposta à matéria veiculada pela Tribuna no dia 16 de janeiro, a Prefeitura de Juiz de Fora havia informado que um Plano Municipal de Drenagem seria executado para um estudo hidrológico de toda a cidade. Conforme o secretário de Obras afirmou ao jornal nesta terça-feira (1º), tal plano está em fase de contratação e deve ser realizado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Em 2011, um plano de drenagem já havia sido feito pela UFJF em parceria com a Prefeitura, voltado apenas para o estudo da Zona Norte. “É importante dizer que não adianta fazer um plano e não executá-lo”, afirma Lincoln. “O plano de 2011 previa a construção de uma série de bacias de contenção, e todos os lugares onde essas bacias foram planejadas já estão ocupados hoje em dia”, argumenta.

Projeto participativo

O chefe da pasta ainda ressalta que todas as intervenções realizadas no Bairro Industrial serão feitas ouvindo os moradores. “Vamos ter um projeto muito mais inclusivo. Às vezes eu estou pensando em alguma coisa, mas o morador tem um projeto que a Prefeitura ainda não pensou. Todos vão ser escutados para que a solução não se esqueça de ninguém.”

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.