Veja o que é preciso saber antes de ter um porquinho-da-índia em casa
Estes roedores, pequenos e fofos, vêm ganhando cada vez mais espaço nos lares brasileiros; saiba os motivos e as recomendações para cuidar de um

Os porquinhos-da-índia, frequentemente confundidos com hamsters, são roedores dóceis e sociáveis, que gostam da companhia de humanos e principalmente da presença de roedores da mesma espécie que a sua.
Ultimamente, os veterinários têm notado crescimento da presença destes animais nas casas brasileiras. A veterinária formada pela UFJF e pós-graduanda em clínica e cirurgia de animais silvestres, exóticos, selvagens e pets não convencionais, Maysa Beatriz, aponta motivos para esta constatação: “Os porquinhos-da-índia, por serem pequenos e silenciosos, são animais que proporcionam uma boa convivência na casa, demandando pouco espaço se comparado com os gatos e cachorros, por exemplo.” Outra questão que Maysa aponta é a estética: “esses roedores são os chamados ‘pets não convencionais’, e as pessoas podem querer tê-los justamente pela aparência diferenciada”, explica.
Conheça o Stuart
Rafaella Morais é tutora de um porquinho-da-índia, o charmoso Stuart, e compartilhou um pouquinho da história dele em entrevista à Tribuna: “O Stuart chegou na minha vida há quatro anos, e foi presente de um amigo. Eu tenho dois cachorros que foram adotados há mais de 12 anos, a Cocada e o Godofredo, e, quando tive que me mudar, senti muito a falta deles. Então, procurando um animalzinho para me fazer companhia, surgiu a ideia de ter um porquinho-da-índia.”
A tutora explica alguns cuidados que são oferecidos ao animalzinho: “Temos vários cuidados diários com o Stuart, colocamos ração e feno duas vezes ao dia e trocamos a água e o enxoval todos os dias. O banho, nós oferecemos em casa, uma vez a cada dois meses.”
Os cuidados que Rafaella tem com o porquinho são essenciais para a saúde e o bem-estar dele, e todos os tutores devem conhecer as recomendações antes de levar um porquinho-da-índia para casa, a fim de garantir a longevidade e conforto do pet.
A veterinária Maysa compartilha cuidados indispensáveis a estes roedores.
Alimentação
Em relação à alimentação, Maysa salienta que os porquinhos-da-índia possuem dentição de crescimento contínuo, precisando ser desgastados para evitar que o excesso de tamanho traga problemas à eles. Este desgaste, explica, é proporcionado pelo manejo alimentar correto, que inclui a oferta de fibras de alta qualidade, como o capim fresco e o feno, que devem ser disponibilizados ao roedor em grande quantidade e durante o dia todo.
Quanto a outros tipos de alimentos que podem ser oferecidos, Maysa explica sobre a proporção 70×30; “Sempre recomendamos a proporção de 70% de feno e capim e 30% de outros alimentos, como ração adequada, verduras e legumes. O capim e o feno devem ficar disponíveis durante o dia todo, já a outra base alimentar deve ser oferecida de duas a três vezes ao dia.” A veterinária ainda orienta que a ração que não foi consumida pelo animal deve ser removida, assim como os legumes e as verduras. O descarte deve ser feito em até uma hora.
Uma particularidade que os porquinhos-da-índia possuem é a falta de absorção da vitamina C. Maysa explica que eles não têm a enzima necessária para a absorção, então a vitamina C deve ser fornecida diariamente de forma exógena, podendo ser por via oral ou diluída na água.
Castração é importante
Quanto à higiene destes animais, o recomendado é que seja feita de maneira bastante moderada. “O ‘banho estético’ não é necessário, pois os porquinhos da índia são animais muito higiênicos. O banho só é recomendado em caso de extrema necessidade ou por recomendação veterinária, como, por exemplo, se o pet apresentar problemas dermatológicos. Nestes casos, é recomendado o banho terapêutico”, explica Maysa Beatriz.
A veterinária recomenda a tosa e a escovação frequente dos porquinhos-da-índia, com o objetivo de evitar nós e remover “pelos mortos”, não atrelados à pele do animal.
Outra recomendação de Maysa é a castração: “Deve ser realizada enquanto os animais são jovens, sem interesses e instintos reprodutivos. É recomendada mesmo no caso de serem do mesmo sexo, pois o comportamento de dominância de um deles pode acarretar em agressão.”
Outros cuidados são: evitar a exposição à corrente direta de ar frio ou quente demais e a presença do predador no mesmo espaço, fatores que podem ser estressantes. A serragem como substrato também não é adequada, pois solta poeira, podendo predispor problemas respiratórios.
Brincadeiras e vida social
Os porquinhos-da-índia são animais sociáveis, adoram passear e explorar novos lugares. Stuart, pet da Rafaella, não foge à regra: “Ele adora passear em shoppings, na rua e sempre frequenta bares em minha companhia. Já é considerado cliente vip em alguns estabelecimentos, onde sempre ganha frutas e legumes dos funcionários”, relata a tutora.
Por serem curiosos e exploradores, a veterinária Maysa atenta para a necessidade de constante supervisão dos donos. Ela explica que eles podem, sim, ficar soltos durante o dia, mas sempre sob o olhar do tutor, já que o hábito de roer, por exemplo, pode levá-los a riscos, como contato com fios elétricos.
Maysa ainda dá dicas de brincadeiras, como, por exemplo, a“caça-petiscos”, na qual o tutor pode esconder um petisco para os porquinhos encontrarem por conta própria, estimulando a parte exploradora deles.
Apesar de curiosos, estes pets também são medrosos, então, de acordo com Maysa, é recomendado que, no alojamento deles, tenha algum lugar que possa servir de “fuga”, permitindo que eles se escondam e se sintam seguros.
Estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa
Tópicos: pet / porquinho-da-índia