Lima Duarte, Olaria e Santana do Garambéu apresentam alto potencial para cultivo de arroz sequeiro
Iniciativa de Emater, Epamig, Ufla e prefeituras, cultivo do arroz sequeiro ultrapassou as projeções iniciais em todas as unidades testadas

O cultivo de arroz de sequeiro é altamente promissor na Zona da Mata mineira, segundo resultados de unidades demonstrativas implantadas em Olaria, Lima Duarte e Santana do Garambéu há cerca de cinco meses. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater–MG) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) divulgaram, este mês, que foi possível obter uma produtividade acima de 5 toneladas por hectare em todas as áreas testadas, superando as projeções iniciais e confirmando o grande potencial da região para essa cultura.
As áreas foram implantadas em parceria entre Emater-MG, Epamig, Universidade Federal de Lavras (Ufla) e prefeituras. Cada unidade contou com 500 m² de plantio das variedades AN Cambará, CMG 1590, A502, A503, Caçula, Aromático e Elite.
Durante a colheita, foi aplicada uma metodologia específica, que incluiu medição da área, pesagem dos grãos e correções relacionadas à umidade e impurezas. A expectativa inicial era de produtividade próxima de 3 toneladas por hectare, mas os dados mostraram desempenho superior.
“O arroz aromático, uma das cultivares testadas, atingiu cerca de 8,15 toneladas por hectare, enquanto a cultivar CMG 1590 alcançou 10 toneladas. Em contrapartida, a variedade crioula, cultivada tradicionalmente na região, teve um rendimento significativamente menor, de apenas 1,2 tonelada por hectare”, explicou o coordenador regional de Culturas da Unidade Regional da Emater-MG em Juiz de Fora, Marco Aurélio Moreira.

Em Santana do Garambéu, município com altitudes mais elevadas, houve maior incidência de grãos com qualidade inferior devido à variação térmica. Ainda assim, a cultivar CMG 1590 demonstrou melhor desempenho e resistência.
Apesar dos bons resultados, alguns desafios foram encontrados. Em Lima Duarte, houve invasão de capivaras em uma das unidades implantadas e danos causados por pássaros. No entanto, não ocorreram infestações graves de pragas ou doenças.
A pesquisadora da Epamig, Janine Guedes, ressalta a importância da parceria entre as instituições para fortalecer a agricultura familiar. “A parceria foi fundamental porque visou, exclusivamente, os produtores. Quando a Epamig entra com a pesquisa, a Emater entra com a extensão, a universidade entra com os recursos humanos e a prefeitura com o incentivo e apoio, os produtores são os beneficiados. Pesquisa e extensão juntas são capazes de fortalecer muito a agricultura familiar”, destaca.
Em Olaria, cerca de 40 pessoas visitaram a propriedade de Vicentina Oliveira, onde fica uma das unidades demonstrativas. “No começo, achei que não ia dar nada, mas, no final, vi que o resultado foi muito bom. Agora quero plantar muito mais”, diz entusiasmada. Ela conta que planeja plantar arroz este ano para comercializar no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e em feiras livres.
Tópicos: arroz / cultivo / rizicultura