Renovar-se
“Os fatos significativos que se passam em nossa vida são consequências naturais das escolhas que temos feito”
Em seu poema “Receita de Ano Novo”, Carlos Drummond de Andrade diz: “Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem que merecê-lo, tem que fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre”.
Este novo que cochila desde sempre, no delicado dizer do poeta, é o Espírito, a essência divina incrustrada no cerne do corpo material, que reencarna neste planeta para mais um período de convívio social de aprendizado e progresso em múltiplos aspectos, segundo a necessidade de cada indivíduo. Mas há um campo de progresso comum a todos nós, o avanço espiritual ou moral: que entendemos como progresso individual diante do aprendizado e cumprimento das leis de Deus ensinadas e exemplificadas por Jesus Cristo.
Acordar o Espírito do cochilo nas materialidades passageiras do mundo, nos queixumes constantes que se tornam chagas íntimas, distanciar-se do hábito das discussões improdutivas e os demais vícios que nos atrelam ao chão do sofrimento.
Erguer-se para melhor e eficazmente aproveitar cada dia e hora dos anos, observando aonde os desejos de realizações nos levarão, e caminharemos centenas e centenas de passos, sendo que cada um deles mais e mais nos aproxima do objetivo pretendido. Lá chegando, estaremos diante do resultado do esforço próprio, ou seja, as consequências da escolha feita anteriormente. Sendo elas do nosso agrado, nos orgulhamos ao extremo. Sendo consideradas frustrantes, logo buscamos um culpado para responsabilizar pelo sentimento de fracasso, mesmo que seja Deus. Mas não fomos nós que dedicadamente escolhemos livremente o que fazer?
Os fatos significativos que se passam em nossa vida são consequências naturais das escolhas que temos feito. Despertar para o novo ano é atentar para a maneira como fazermos nossas escolhas. Temos Livre Arbítrio, sabemos que a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória. Tomar consciência da preciosidade que é o tempo e a responsabilidade dos atos praticados nos desperta para o Novo Ano, agora encorajados pelos ensinos do Cristo e conscientes da necessidade de nos renovar interiormente, enaltecendo a essência divina que habita em nós.
Para se ter um Ano Novo, é indispensável embalar nossos planos, ideais e ações que elevem nossa alma em direção ao bem maior, consequentemente eliminando os velhos hábitos do homem dos tempos da violência e do egoísmo. Deixando, assim, nascer o Homem Novo, exemplificado por Paulo o Apóstolo: “aquele que vive observando em palavras e ações os ensinos do Evangelho, atento aos dias presentes, com olhos e ouvidos educados para as boas obras e a boca como instrumento de pacificação onde quer que esteja. Homem que abandonou o passado faltoso e, se esforça no presente para que se cumpra a vontade de Jesus Cristo, “Paz na Terra e boa vontade para com os homens”.
Feliz Novo Ano.
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