Violência tem que ser olhada
“É hora de acionarmos o freio de arrumação para corrigirmos tanta violência no país”
É hora de acionarmos o freio de arrumação para corrigirmos tanta violência no país. Talvez tenha até passado um pouco da hora da sociedade diretamente, e não através de seus políticos, discutir como controlar uma violência insana, que atinge todos os níveis, todos os setores.
Violência não é apenas a agressão física. Violência são também os golpes engendrados por espertinhos de todos os níveis. As humilhações. As imprudências de trânsito e tudo mais o que atinge física ou moralmente pessoas, muitas delas indefesas. São incontáveis as formas de violência que atingem as pessoas sem que elas encontrem uma forma de se proteger, de se defender. Se nossas autoridades são omissas na busca de soluções, que a sociedade aja, reaja, não com violência, mas com cobranças.
Não é possível que o tema continue sendo banalizado. Pior, que seja tratado com radicalizações desmedidas, como fez o senador bolsonarista Jorge Seif, do PL de Santa Catarina, ao comentar a ação policial em São Paulo que resultou num motoboy atirado de cima de uma ponte por um policial despreparado. Para o senador, o erro do policial foi ter jogado o homem, sem qualquer reação, de uma ponte, não de um penhasco. Uma declaração irracional, de uma violência desmedida, que exige- ainda é tempo- uma punição exemplar ao seu autor. Cassação do mandato talvez seja o caminho para impedir que tenham voz os radicais.
Ainda relacionada ao mesmo caso, outra violência. A declaração do advogado do militar de que sua prisão só ocorreu com pelo clamor popular. Como se atirar alguém do alto de uma ponte, como atirar um lixo, fosse um ato normal. É preciso reagir aos violentos e aos defensores dos violentos. São eles que estimulam a ação criminosa de uma forma inconsequente.
A reação, porém, não pode ser violenta. A sociedade precisa debater o problema e discutir soluções. Não é objetivo a ser alcançado a curto prazo. Mas quanto mais demorarmos a agir, mais violência vamos viver. Não é possível convivermos mais com a realidade de que a criminalidade, em algumas áreas, tem mais poder bélico do que o Estado. Não é possível convivermos mais com a realidade de que as redes sociais se transformaram em ponto de apoio para a marginalidade. É preciso encontrar soluções. Quais, só uma sociedade ativa, que participa dos debates, que escolhe melhor seus representantes, pode determinar.
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