Fãs de Taylor Swift, juiz-foranos mobilizam recursos e se preparam para ‘The Eras Tour’
‘Swifties’ de JF fazem planos para os shows que começam a partir desta sexta e devem receber 375 mil brasileiros
Nesta semana, uma hashtag pediu que fosse feita uma homenagem para Taylor Swift no Cristo Redentor, comemorando a chegada da artista à cidade maravilhosa e sua passagem pelo Brasil com a “The Eras Tour”. Entre os fãs que vão comparecer nos shows, essa é só mais uma das demonstrações de carinho pela artista, que também incluem fazer “friendship bracelets”, decorar todas as músicas, adivinhar as “surprise songs”, usar roupas temáticas do show e até mesmo fazer tatuagem da artista. Essa é uma das maiores turnês de artistas femininas da história, e, ao todo, cerca de 375 mil brasileiros estarão presentes no Brasil, com 55 mil pessoas por dia nos seis shows que rapidamente se esgotaram. Nesse cenário, os ‘swifties’ (nome em que são chamados os fãs da artista) juiz-foranos mobilizam recursos e se preparam para os shows, que acontecem no terceiro e último final de semana de novembro.
A estudante Eduarda Boechat, de 22 anos, vai nos três shows da artista no Rio de Janeiro e no último que será feito no Brasil, em São Paulo. “Nunca acreditei que ela realmente traria a turnê pro Brasil, então quando aconteceu me desdobrei para ir ao maior número possível de shows, não queria perder essa oportunidade tão única”, conta. Ir em todos esses shows não foi a única grande demonstração de amor que ela já fez pela artista. Eduarda também já fez uma viagem, anos atrás, para Omaha, no Nebraska, para assistir a um show da turnê “1989” com a sua mãe. Ela também tem uma tatuagem escrito “you’re on your own, kid”, uma música da Taylor. Fã da artista desde 2012, conta que o que mais gosta na cantora é a forma que ela consegue “se transformar constantemente e como suas composições são únicas e fáceis de se identificar”.
Para Sofia Montemor, 22, também estudante, é também a forma que a artista expressa seus sentimentos nas letras que mais a chama atenção. “Admiro muito a forma como ela constrói narrativas, liricamente e musicalmente”, afirma. Para ela, que se tornou fã em 2013, Taylor também representa uma ligação com a irmã, que também escuta as músicas, e faz com que isso reforce a conexão que tem com a artista. Ao longo dos anos, o fascínio foi crescendo para as duas, o que faz com que ela queira chegar na manhã de sábado, por volta das 6h ou 7h, para assistir ao show que só começa à noite, além de ter faltado aula para conseguir comprar os ingressos. A expectativa para o show é tão grande que, logo que o anúncio foi feito, ela se matriculou em uma academia de ginástica para aguentar os esforços necessários para passar tantas horas “pulando e dançando”. Para além dos preparativos do show, Sofia também decidiu fazer um Trabalho de Conclusão de Curso, na faculdade de Jornalismo, que envolve a ‘The Eras Tour’. “Vou fazer uma análise da cobertura da Folha e O Globo sobre os shows em São Paulo e no Rio”, conta.
No show deste sábado (18), no Rio de Janeiro, Clara Freguglia, estudante, de 22 anos, também vai estar presente. Para ela, o maior momento de “loucura” envolvendo o show foi ter comprado o único setor disponível quando chegou sua vez na fila, sem nem olhar o preço ou a forma de pagamento. Isso acabou fazendo com que ela, que tem direito à meia, comprasse um ingresso inteiro e à vista. “Como moro em JF, os gastos são inegáveis… Além do ingresso, optei por ir de excursão bate e volta para facilitar e economizar, mas mesmo assim é um dinheiro a mais. Mas além desses gastos mais necessários, os “supérfluos” também pegam bastante. Mas por ser uma ocasião muito especial, vale a pena pela loirinha”, conta.
Para Rafael Rodrigues, engenheiro civil, 26, que conheceu as músicas da Taylor pelos programas da Multishow e MTV, também foram os gastos que mais pesaram no momento de escolha. “Comprei pista premium inteira mesmo não tendo dinheiro, sendo que é o ingresso mais caro, pro show dela que acabou sendo cancelado por conta da pandemia. Na época, eu trabalhava de uber e tive que rodar três vezes mais pra conseguir pagar”, relembra.
Troca de pulseiras impulsiona comércio
Em “You’re own your own, kid “, música do “Midnights”, último álbum da cantora, um dos versos diz: “So, make the friendship bracelets, take the moment and taste it. You’ve got no reason to be afraid” (com tradução para “Então faça pulseiras da amizade, agarre o momento e saboreie/ Você não tem motivos para ter medo”), a cantora acabou criando uma tradição entre os fãs, que fazem pulseiras temáticas dos álbuns e trocam no dia do show. “A ideia das pulseiras é você produzir com miçangas pensando nas suas músicas e referências favoritas e, além de usar no show, trocar com várias pessoas no show fazendo novas amizades que também estão ali pela Taylor! Isso faz você curtir ainda mais o momento'”, explica Clara. Entre os entrevistados, todos compraram miçangas para fazer pulseirinhas com os nomes dos álbuns e músicas preferidas.
A Bela Bijuterias e Pedrarias, loja que vende miçangas em Juiz de Fora, afirma que teve entre 50% e 60% de crescimento nas vendas durante o período antes do show. “A presença da cantora Taylor Swift no Brasil gerou um notável aumento nas vendas da minha loja. A artista promoveu uma campanha de troca de pulseiras entre os fãs, visando a estabelecer amizade e conexão entre eles. Na Bela Pedrarias, trabalhamos com pedrarias para a confecção dessas pulseiras, oferecendo desde letrinhas para formar trechos e nomes de músicas da cantora até uma ampla variedade de cores e tons de bolinhas que melhor se adequam à identidade de cada fã”, explica. Ela afirma que, muitas dessas pessoas que compraram miçanga, também adotaram fazer pulseiras como um hobby, o que resultou em “clientes frequentes, que retornam para adquirir mais pedrarias”.
Outro setor que é afetado pelo show é o de transporte bate-volta para as cidades em que os espetáculos musicais vão acontecer, e é exatamente através de transportes assim que Clara Freguglia vai para o local, objetivando também reduzir os custos de hospedagem. Da mesma forma, o filme que conta sobre a turnê, que teve estreia em Juiz de Fora, também foi muito procurado pelos fãs. “Já tinha visto muitos trechos do show pelo TikTok e pelo Twitter, mas é muito diferente ver com a produção e qualidade do filme. Já chorei logo no início, quando começou aquela parte “it’s been a long time coming” e sei que vou desabar nos dias do show também”, conta Sofia. Para outros swifties, no entanto, a experiência do filme vai ficar para depois do show, pois acreditam que ver a produção nas telas pode atrapalhar parte da experiência do show.
Anos de espera
Para Rafael, que passou a ser fã a partir do álbum “1989”, foram anos assinando o Apple Music, que era, na época, a única plataforma que tinha músicas da artista. Agora, depois de acompanhar as regravações dos álbuns que ela não tinha os direitos, ele vai poder finalmente ouvir a artista ao vivo: “Estou ouvindo todo dia a setlist dela, para ir bem preparado. E estou mais ansioso pro momento em que ela entra depois da contagem regressiva do relógio que aparece no telão, vou ficar muito emocionado”, conta. Para ele, outro momento marcante do show será o que ela canta as ‘músicas surpresas’ da vez, que são imprevisíveis – o que faz com que ele tenha medo de não saber cantar as que forem escolhidas.
No entanto, a ansiedade de fãs como ele só é superada pelas altas expectativas para o show. “Desde o anúncio já comecei a fazer pulseirinhas e já estou com a minha roupa pronta para os dias. No primeiro vou vestida de ‘Fearless’, num vestido que a minha mãe costurou, e no segundo vou de ‘22’, com a camisa da tour e os óculos de coração. Também estou ajudando minha irmã a fazer as roupas dela, estamos fazendo um chapéu de cowboy com estrelinhas de glitter, já que ela vai de Cowboy Like Me (Queer Version)’”, conta Sofia.
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