Polarização nos palanques

Enfrentamento entre direita e esquerda avança no período pré-eleitoral e será utilizado como estratégia para captura de votos


Por Tribuna

15/10/2023 às 07h00- Atualizada 16/10/2023 às 14h46

Ainda no processo de avaliação sobre seu futuro partidário, se volta ao PL ou se busca uma nova opção, o ex-deputado Charlles Evangelista revelou que sua meta é “polarizar já com a esquerda”, a fim de ampliar seu horizonte eleitoral em Juiz de Fora. Sua declaração ocorre num contexto de retomada da polarização que tem se exacerbado a cada evento.

A eleição para os conselhos tutelares em todo o país, há duas semanas, apontou para o engajamento de lideranças políticas a despeito de o posto – em tese – ser ocupado com vistas apenas ao gerenciamento de demandas de jovens e adolescentes. O viés ideológico se apresentou com base numa agenda moral.

Agora, o conflito no Oriente Médio tem sido pauta de enfrentamento dos dois polos bastando acompanhar não apenas as redes sociais, mas as manifestações dos atores de fora e da política, mas envolvidos ora à direita ora à esquerda. Ressalve-se que essa discussão não ocorre exclusivamente no Brasil. A dimensão do conflito e a barbárie que se instalou, envolvendo, sobretudo, crianças e idosos, levaram o debate para os diversos fóruns mundiais. Nem mesmo um esperado cessar-fogo vai baixar a intensidade das discussões.

Em Juiz de Fora, quando faz tal declaração, o ex-deputado tenta delimitar território, ciente de que o campo da esquerda já está posto com a prefeita Margarida Salomão (PT), embora haja possibilidade de candidatos de outros partidos que sazonalmente estão no páreo, como o PSOL e o PSTU. O gesto, no entanto, cria um desafio não para a prefeita, mas para o campo da direita e os políticos que tentam se fixar no centro.

O Novo, que volta a flertar com o ex-presidente Jair Bolsonaro – por meio do governador Romeu Zema -, tem propósito de candidatura própria em mais de 200 municípios mineiros especialmente em Juiz de Fora. Em princípio, o pré-candidato que mais se movimenta é o médico Carlos Eduardo Araújo.

A deputada Ione Barbosa, que já transitou à esquerda, também busca espaço no território da direita, bastando acompanhar suas últimas declarações na Câmara Federal. Se levar adiante as metas do Avante, seu partido, de candidatura própria, é mais um nome no mesmo espaço.

Há, ainda, o ex-deputado Isauro Calais, cuja definição partidária ainda não aconteceu. Vale o mesmo para o ex-deputado Júlio Delgado, hoje filiado ao PV, mas ciente de que o partido, por estar na federação com o PT, terá, necessariamente, que ficar no palanque do PT.

É fato que muitas das alianças ocorrem apenas num eventual segundo turno, sendo a primeira rodada um momento de cada um por si, mas a questão que fica é qual o discurso levarão para os palanques. Como todas as cidades, Juiz de Fora tem seus desafios, e eles, salvo manifestações esporádicas, ainda não foram explicitados pelos pré-candidatos. O eleitor, normalmente apartado das articulações, se interessa especialmente pelo que os políticos têm a dizer e como fazer para implementar suas metas.

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