Semeadores de espinhos
“A intolerância e a falta de diálogo têm conduzido certas lideranças religiosas a desenvolver mensagens carregadas de preconceito e hostilidade que não são cabíveis àqueles que deveriam pregar a paz entre as mazelas da sociedade.”
Quão formosos são os pés dos que anunciam as boas novas…
O problema é que as boas novas, que deveriam ser constituídas de esperança para o mundo e de amor para com o próximo, vem sendo frequentemente confundidas com discursos de ódio e violência.
A intolerância e a falta de diálogo têm conduzido certas lideranças religiosas a desenvolver mensagens carregadas de preconceito e hostilidade que não são cabíveis àqueles que deveriam pregar a paz entre as mazelas da sociedade. Estes mesmos mensageiros, que creem na justiça de um reino transcendente, semeiam espinhos sobre a face da terra.
Isto ocorre porque a defesa de um discurso ideológico tem sido, na maior parte dos casos, mais importante do que a preservação da paz e da fraternidade.
A presença desse tipo de exposição religiosa, carregada de antagonismo e austeridade, além de ser algo preocupante, sinaliza para a necessidade de ampliação do ensino religioso nas redes de ensino como promoção do respeito à pluralidade de crenças e ideias e combate a uma má compreensão religiosa, propondo uma maior reflexão sobre fundamentos, costumes e valores das mais variadas religiões, a fim de abrir caminhos para a tolerância religiosa e promover o pensamento crítico para com os meios de manipulação discursiva que conduzem a fundamentalismos e preconceitos.
Essa relevância do ensino religioso para a construção de uma consciência crítica vem levantando uma efervescente discussão sobre a oferta da disciplina não somente nas redes estaduais de ensino, mas também a inclusão na grade curricular das redes municipais, criando maiores espaços de diálogo diante da diversidade religiosa de nossa sociedade.
O ensino religioso, que não visa o proselitismo, conduz os educandos ao conhecimento de diferentes manifestações religiosas e culturais de sua realidade, realçando a conscientização do direito à liberdade de culto, o respeito à pluralidade e o reconhecimento das diferentes tradições.
A disciplina e sua prática pedagógica não devem ser encaradas como mais um componente curricular nas escolas públicas, mas como um ensinamento carregado de uma importante função social pois amplia os olhares para a diversidade, para a presença das distintas identidades religiosas e para uma pacífica convivência entre as variadas experiências de fé, buscando o combate a discursos fundamentalistas que promulgam a intolerância religiosa.