Mais de dois mil morreram por Covid-19 em JF durante pandemia
Cidade viveu agravamento de indicadores entre fim de 2020 e o primeiro semestre de 2021; indicadores foram controlados a partir do avanço da vacinação
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, nesta sexta-feira (5), que a Covid-19 não configura mais emergência em saúde pública de importância internacional. O novo entendimento da OMS é de que, agora, o vírus se classifica como um “problema de saúde estabelecido e contínuo”. O novo status ocorre após três anos e milhões de mortes em todo o mundo. Em Juiz de Fora, o número de mortos em decorrência da Covid-19, desde o início da crise sanitária, no primeiro semestre de 2020, até hoje, chega a, pelo menos, 2.394 óbitos, conforme os últimos dados publicados pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), no “Painel Covid-19 Juiz de Fora”.
Segundo consta no sistema da PJF, o último óbito registrado foi o de uma idosa, de 81 anos, sem comorbidades, em 16 de janeiro de 2023. A reportagem questionou a Prefeitura se os dados estão atualizados, mas, até o início da noite da última sexta-feira, quando este texto foi editado, não houve resposta.
Ainda de acordo com os dados constantes no painel, a cidade registrou pelo menos 77.767 casos confirmados de Covid-19. Sendo que os bairros que mais computaram casos foram Centro (3.151 registros), São Mateus (1.735), São Pedro (1.209), Alto dos Passos (862) e Benfica (833). Dentre os casos confirmados, 51,27% das pessoas infectadas foram mulheres e 48,73%, homens.
Das 2.394 mortes já computadas no sistema de consulta pública da PJF, em 90,77% dos casos, a vítima apresentava pelo menos uma comorbidade, que pode ter contribuído para o agravamento da doença. Este percentual responde por 2.045 óbitos. Foram 208 casos de falecimento em decorrência da Covid-19 em que não foram relatadas comorbidades, 9,23% do total. As principais comorbidades registradas nos casos de óbito foram doença cardiovascular crônica, hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus.
2020, o primeiro ano da pandemia
A par e passo, de certa forma, o desenvolvimento da crise sanitária em Juiz de Fora acompanhou o cenário nacional. Ainda nas primeiras semanas de crise, foi confirmado o primeiro caso por Covid-19 na cidade, em 14 de março de 2020. Em 29 de março do mesmo ano, ocorreu a primeira morte em decorrência da doença, o que só foi confirmado posteriormente, em 12 de abril, com o resultado de exames. No caso, a vítima foi um homem de 71 anos, com comorbidades como diabetes, doença cardiovascular crônica e hipertensão arterial.
A partir daí, os indicadores da pandemia cresceram exponencialmente, e a centésima morte em decorrência da Covid-19 na cidade aconteceu no dia 17 de julho. A vítima foi uma mulher de 78 anos, que teve relatada como comorbidade a diabetes.
Em dezembro de 2020, a cidade já atingia números alarmantes. Ao todo, foram registradas 203 mortes naquele que foi o mês com os piores indicadores da pandemia em 2020. Antes da virada do ano, a cidade já computava cinco centenas de óbitos. A morte de número 500 aconteceu entre o Natal e o Ano Novo, no dia 27, com o falecimento de um homem de 47 anos, com histórico de doença cardiovascular e hipertensão sistêmica.
2021, a explosão dos números
O ano de 2021 foi o mais complicado da pandemia na cidade. Já no mês de março, após um ano do início da crise sanitária, a cidade superou a barreira das mil mortes. O milésimo óbito foi computado no dia 24 de março, com o falecimento de uma mulher de 58 anos, que tinha neoplasia cerebral como comorbidade.
Com isso, ao final do mês de março de 2021, Juiz de Fora já computava mais mortes em decorrência do coronavírus nos três primeiros meses de 2021 do que todos os óbitos ocorridos entre março e dezembro de 2020, primeiro ano da pandemia. Nos meses seguintes, os números seguiram em patamares alarmantes, e a marca de dois mil mortos em decorrência da doença foi superada em 15 de outubro de 2021.
O avanço da vacinação e a queda dos indicadores
É inegável que 2021 foi o pior ano da pandemia na cidade. Mas também foi em 2021 que a esperança de volta à normalidade ganhou força. Em 20 de janeiro daquele ano, teve início a campanha de vacinação contra a Covid-19 na cidade, em um evento simbólico em que quatro pessoas foram escolhidas como as primeiras a receber a dose da vacina, aplicadas tendo início pela técnica em enfermagem Denise Maria Rocha de Freitas. Na data, outros 43 profissionais vacinadores também receberam a primeira dose do imunizante para começarem o trabalho de imunização na cidade. No dia anterior, 19 de janeiro, a cidade recebeu o primeiro lote de vacinas, contendo cerca de 30 mil doses da Coronavac.
A partir daí, a campanha de vacinação avançou paulatinamente. Em junho de 2021, o Município deu início à imunização por idade em pessoas com menos de 60 anos e já havia aplicado a segunda dose em profissionais da saúde e idosos. Em agosto, Juiz de Fora caminhava para a conclusão da aplicação da primeira dose na população adulta.
Com isso, já a partir de julho de 2021, o número de falecimentos causados pela doença na cidade registrou queda, apontando para um cenário de estabilidade. A cada dia, os indicadores pareciam mais controlados, principalmente, os que diziam respeito aos óbitos. Em 2022, a cidade registrou menos de 300 mortes em decorrência da Covid-19. Agora, em 2023, o número de óbitos permanece na casa das dezenas. O avanço da vacinação também significou a flexibilização das restrições adotadas para o controle da pandemia e um passaporte de volta para a chamada normalidade.
Reposicionamento não significa fim de preocupação e de riscos
O reposicionamento da OMS acontece após um monitoramento constante do avanço da crise sanitária. Desde março de 2020, o Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional da OMS se reunia periodicamente para analisar o cenário global provocado pela doença. Conforme informações, durante a última sessão deliberativa do colegiado, membros do comitê destacaram a tendência decrescente de mortes por Covid-19, o declínio nas hospitalizações e nas internações em unidades de terapia intensiva (UTI) causadas pelo vírus e os altos níveis de imunidade da população.
“O comitê de emergência contra a Covid-19 se reuniu pela 15ª vez e recomendou a mim que declarasse o fim da emergência em saúde pública de importância internacional. Aceitei a recomendação. Com grande esperança, declaro o fim da Covid-19 como emergência sanitária global”, anunciou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Em sua fala, Tedros Adhanom reforçou que a despeito do reposicionamento, a Covid-19 permanece como uma preocupação. “Entretanto, isso não significa que a Covid-19 chegou ao fim enquanto ameaça global de saúde. Na semana passada, a Covid-19 clamava uma vida a cada três minutos – e essas são apenas as mortes das quais nós temos conhecimento”, completou o diretor-geral.
Dados da entidade indicam que 765,2 milhões de casos de Covid-19 foram confirmados no planeta até o momento, além de quase 7 milhões de mortes registradas. Ainda de acordo com a OMS, 13,3 bilhões de doses de vacinas contra a doença foram administradas em todo o mundo.