Faces da violĂȘncia
Discutir açÔes de enfrentamento Ă violĂȘncia Ă© uma necessidade permanente, em razĂŁo do crescimento de ocorrĂȘncias especialmente contra as mulheres
A tentativa de feminicĂdio contra uma mulher de 30 anos, registrada na noite de segunda-feira, cujo autor Ă© um jovem de 18 anos, Ă© reveladora do que ocorre pelo paĂs afora, sobretudo quando uma das partes – na maioria homens – nĂŁo aceita o fim da relação. No relato aos policiais, a vĂtima disse que mantinha um relacionamento com o agressor de apenas trĂȘs meses e decidiu encerrĂĄ-lo apĂłs diversos desentendimentos. Inconformado, ele a surpreendeu quando ela descia no ponto de ĂŽnibus prĂłximo Ă Praça do Riachuelo. Foram trĂȘs facadas no abdĂŽmen, costa e braço. O autor foi preso.
No prĂłximo dia 22, por iniciativa da Prefeitura, por meio das secretarias de Segurança, SaĂșde, Direitos Humanos e AssistĂȘncia Social, em parceria com diversas entidades, entre elas as polĂcias Civil e Militar, serĂĄ realizado o fĂłrum “ViolĂȘncia contra a mulher – mĂșltiplos olhares, desafios e perspectivas, no qual serĂŁo avaliados os muitos cenĂĄrios que estĂŁo se naturalizando no paĂs. A sociedade tem que reagir, o que nĂŁo se faz apenas com palavras, mas com polĂticas prĂłprias de enfrentamento Ă violĂȘncia e propostats pedagĂłgicas que envolvam todos os segmentos sociais.
noticiĂĄrio tem sido prĂłdigo em relatar ocorrĂȘncias que hĂĄ muito tempo deixaram de ser exclusivas de determinada classe social. A cultura da violĂȘncia espalhou-se por todos os estratos da sociedade, fruto de “incentivos” indiretos, como a disseminação em massa para o uso de armas, atĂ© velhos preconceitos que se exacerbaram, multiplicados pelas redes sociais.
FĂłruns e outros eventos sĂŁo importantes para, como estabelece o prĂłprio tema, colocar a questĂŁo sob os diversos olhares, jĂĄ que a causa tem vĂĄrias motivaçÔes. Quando se avalia o tema sob a Ăłtica multidisciplinar Ă© possĂvel ampliar a discussĂŁo e reforçar o estabelecimento de medidas de combate ao crime.
Ă prĂłprio da instĂąncia polĂtica buscar no aumento de penas a saĂda adequada para redução de crimes, o que nem sempre tem efeito em decorrĂȘncia de nĂŁo ser a legislação o problema central. O paĂs tem leis em demasia pecando, sim, na sua execução. Tratar das penas Ă© um dado real, mas antecipar-se aos fatos Ă© o fator mais importante. As polĂticas de prevenção Ă© que carecem de maior discussĂŁo, pois envolvem as muitas instĂąncias de poder.
A outra face do evento envolve desafios e perspectivas. De fato, são muitos, sobretudo quando se depara com programas que enfrentam solução de continuidade. Começa-se um projeto e tão logo muda a gestão ele é interrompido sob o surrado argumento do aperfeiçoamento.
Em situaçÔes com essa, as perspectivas nem sempre estĂŁo de acordo com as expectativas da população. Juiz de Fora jĂĄ foi palco de um seminĂĄrio de segurança pĂșblica que envolveu diversos setores. Foram muitas as propostas, mas nem todas saĂram do papel, ora pela natural descontinuidade, ora por falta de recursos para a sua implementação. O somatĂłrio de desafios e perspectivas Ă© um dos nĂłs a serem desatados pelo bem comum, ora sob pressĂŁo da violĂȘncia urbana.