O esporte não é perfumaria. Nem no jornal nem na política
Por algumas vezes escrevi por aqui meu incontido bairrismo quando juiz-foranos e juiz-foranas estão representando a cidade em alguma competição fora das fronteiras da nossa Manchester. Em poucos dias, tivemos Mayra Santos, em Portugal, quebrando o recorde mundial, entre homens e mulheres, de nado em piscina contracorrente; a assinatura do primeiro contrato profissional do promissor meia Max Alves, ex-A.M.D.H., Uberabinha e Tupi; e a vitória de Laura Conde, uma adolescente de apenas 13 anos, no Open 500m da disputa Rei e Rainha do Mar, em Búzios. Casos que enchem nossos corações de orgulho.
Neste domingo seremos chamados também para uma competição importante, que nem tanto orgulho tem nos causado, é verdade: ir às urnas escolher nossos representantes municipais pelos próximos quatro anos.
E para que Juiz de Fora continue cheia de talentos brilhando por este mundão afora, é preciso que também nos preparemos para entrar em ação neste dia 15. Analisar propostas que contemplem o esporte, não do ponto de vista assistencialista, mas com políticas públicas que fomentem a prática das atividades – do alto rendimento ao lazer. Identificar candidatos que defendam iniciativas inclusivas, da Zona Sul até bairros das periferias mais distantes, que pensem em leis de incentivo, que viabilizem recursos para o início, a manutenção ou a conclusão de palcos esportivos.
Às vezes, no dia a dia de redação, costumamos brincar que determinadas matérias são “perfumarias”, ou seja, conteúdos leves, que deixam o jornal mais agradável. Infelizmente, há quem acredite que esporte e cultura estão nesta leva de “perfumaria”. Em se tratando de política, há, inclusive entre nós eleitores, o errôneo pensamento de que esporte e cultura são menos importantes do que saúde, educação, segurança pública. Pensamento muito divergente ao difundido nas nações desenvolvidas, como nos Estados Unidos, por exemplo, em que a vida de atleta e universitário é praticamente uma só.
Em tempos de pandemia, a Associação Psiquiátrica da América Latina acredita que a “quarta onda” de Covid-19 estará relacionada ao problemas de saúde mental. Uma situação na qual o esporte pode contribuir muito para achatar essa curva de casos.
Pensemos, então, que a nossa escolha de domingo faz parte de um jogo muito importante, com a escolha dos nossos futuros vereadores, do novo secretário de esportes, do prefeito ou da prefeita.
E que isso pode implicar nas boas notícias que queremos ler sobre juiz-foranos. Em Portugal, no Rio, em Búzios ou nas praças esportivas da nossa cidade.