Vitinho seria o novo Alex Muralha da Gávea?
De “Mortinho” a “Mitinho”, Vitinho também se vê entre o céu e o inferno
Imagine você ser um menino nascido no Complexo do Alemão, pobre, que, a partir do futebol, deixou ainda jovem seus vizinhos da periferia carioca para mudar completamente de condição social em questão de pouco tempo após a profissionalização, como nenhuma outra carreira oferece no país. Certamente, para muitos, isso seria a felicidade plena. Símbolo máximo do sucesso. Mas para Vitinho, camisa 11 do Flamengo, não deve estar sendo bem assim.
Em meio à cifra milionária de R$ 44 milhões, chegou ao clube em 2018 como a contratação mais cara da história do Rubro-Negro. Era a grande aposta para o ataque da equipe. Mas não deslanchou e é um dos mais criticados do atual elenco.
Tímido, reservado e de poucas palavras, não faz muita questão de entrevistas. Com a pandemia, que limita o contato da imprensa com os jogadores, ficou ainda mais difícil uma aproximação com o camisa 11 da Gávea. O bom futebol outrora apresentado, sobretudo na época do Botafogo, teima em não aparecer. Destaca-se nos treinos, mas não rende na hora do jogo.
No domingo passado, entrou como titular, acabou substituído por Éverton Ribeiro e foi chamado de merda por um jornalista à frente de um famoso microfone de rádio. Ainda sem saber de tal fato, marejou os olhos sozinho no banco.
Pelo futebol – ou pela falta dele -, Vitinho realmente não oferece motivos para sua defesa. Mas o peso de ser um jogador em um clube de expressão também não deve ser um fardo muito fácil. Da mesma forma que muitos jogadores são colocados em um “altar” midiático, às vezes com técnica tão próxima ou até menor que a do atacante flamenguista, outros definitivamente não têm essa sorte. Ano passado, Sidão, à época no Vasco, recebeu o troféu de craque do jogo em um deboche constrangedor. E como esquecer de Muralha, contratado como salvação para o gol do Fla, que virou motivo de piada até em capa de jornal ironizando seu apelido? De “Mortinho” a “Mitinho”, Vitinho também se vê entre o céu e o inferno.
Faz parte da cultura do futebol? A camisa 11 do Rubro-Negro tem pesado para o atacante? Ou a grande expectativa colocada em alguns jogadores elevados à posto de craque em tão pouco tempo precisa ser revista?