Jovens ostentam armas e atiram para o alto em baile no Chapadão
Vídeos que circulam em redes sociais mostram grupo com revólveres e pistolas em festa que teria ocorrido no dia 1º de janeiro
Jovens ostentando armas e tiros para o alto num clima de dominação. Assim é o cenário de vídeos produzidos por jovens na localidade conhecida como Chapadão do Dom Bosco, na Cidade Alta, em Juiz de Fora. As imagens circulam pelas redes sociais desde a virada do ano. Em um dos vídeos é possível ver sete jovens com cinco armas, três delas nas mãos de um único rapaz. O grupo não faz questão de esconder o rosto, demonstrando ousadia. Um dos integrantes, inclusive, parece estar usando um colete balístico, semelhante ao usado pelas forças de segurança. O local já vem sendo monitorado pela Polícia Militar diante das ocorrências violentas registradas.
Conforme relatos de moradores da localidade, que preferiram não se identificar, as imagens teriam sido gravadas em um baile realizado na passagem de ano. A festa, entretanto, teria durado da madrugada de 1º de janeiro até a tarde do mesmo dia. Em outra publicação, dezenas de pessoas aparecem aglomeradas em via pública, e rapazes também exibem armas, revólveres e pistolas. Em determinados momentos eles atiram para o alto sem qualquer pudor, atraindo a atenção dos presentes. Apesar da ostentação, as imagens estão sendo analisadas pelo setor de inteligência da Polícia Militar, e devem ser utilizadas a fim de identificar e responsabilizar os suspeitos.
Segundo a PM, durante o fim de ano, organizadores deste tipo de baile tentaram realizar dois eventos: um deles no Natal e outro no Réveillon. Conforme a corporação, como a informação era de conhecimento dos policiais anteriormente, ações foram realizadas na localidade dias antes, uma vez que os eventos não tinham autorização dos órgãos competentes para acontecer. “E, por isso, não permitimos uso de som. O que teve foi aglomeração de pessoas em via pública. Isso não podemos impedir, desde que não cometam crime ou qualquer irregularidade. Não teve o baile que eles gostariam que acontecesse. Equipes ficaram nos acessos ao Chapadão, outras em pontos estratégicos e, assim, garantimos que o baile não fosse realizado”, afirmou o capitão Flávio Luiz de Campos, comandante da 99ª Companhia da PM, que abrange a região do Dom Bosco.
O policial disse que quatro pessoas que aparecem nos vídeos já foram identificadas. Ainda segundo ele, até o momento, não é possível precisar se as imagens foram produzidas no dia 1º de janeiro. “Na verdade, a única coisa que temos é que as imagens são do Chapadão, mas não sabemos qual dia e qual hora elas foram realizadas. Já estamos levantando também se moradores de outras localidades aparecem nos vídeos e portam armas, pois os eventos organizados no Chapadão reúnem integrantes de várias regiões de Juiz de Fora. Boa parte deles já possui passagens policiais”, disse o capitão, acrescentando também que áudios foram recebidos pela corporação e estão sendo avaliados. O conteúdo não foi divulgado, mas teria relação com as imagens das redes sociais.
Empréstimo de armas
Nos dois vídeos que circulam nas redes sociais, aparecem rapazes portando armas de diferentes tipos. Segundo a PM, a convocação para os eventos é feita por lideranças por meio de redes sociais, o que amplia a participação de moradores de outros bairros, dificultando a apuração sobre a origem das armas e a quem elas pertencem. “Muitas delas circulam por diferentes regiões e, às vezes, não é arma fixa daquele local. A gente ainda não tem a informação se elas são do Chapadão ou se pertencem a pessoas que foram até o local para participarem do evento. “Não descartamos o empréstimo e a troca desse armamento com pessoas de outros locais”, finalizou Campos.
Histórico de crimes violentos
No ano passado, dois adolescentes de 17 anos e uma mulher, 37, foram baleados em troca de tiros durante uma festa que eles frequentavam no Chapadão do Dom Bosco. O crime aconteceu em agosto passado e houve denúncia de que dois criminosos teriam invadido o Hospital Monte Sinai, para onde foram socorridos os jovens, a fim de “terminarem o serviço”. À época, a assessoria do hospital não confirmou essa informação, garantindo que tudo transcorreu dentro da normalidade. Os dois pacientes atendidos na unidade foram estabilizados e transferidos pelo Samu para o HPS. Uma das vítimas disse que estava na festa quando bandidos encapuzados chegaram ao local, dando início a uma troca de tiros com outras pessoas. Ele acabou sendo baleado e foi socorrido por populares. Um dos projéteis disparados durante o tiroteio transfixou o braço esquerdo do outro adolescente e atingiu o tórax do mesmo lado. A motivação do tiroteio não foi esclarecida, e o caso seguiu para investigação na Polícia Civil
Em 2017, dois jovens morreram e outro ficou ferido após uma série de disparos atingir o carro em que eles estavam, na saída de um baile funk. Segundo a PM, criminosos teriam interceptado um veículo na Rua Silvério da Silveira e só parou após chocar-se contra sete veículos estacionados na Rua Antônio Marinho Saraiva. O motorista Charles Patrick Carvalho de Souza, 25 anos, foi encontrado morto dentro do carro. Dois passageiros foram socorridos, no entanto, Pedro Paulo Mendes, 21, atingido por dois tiros no tórax e outro na cabeça não resistiu aos ferimentos e morreu no mesmo dia. O terceiro paciente, 22, foi ferido no braço direito, avaliado e recebeu alta. O episódio também foi investigado.