Meu nome não é Johnny
Não há nada mais desagradável quando aquele desconhecido íntimo resolve te chamar de um apelido que lhe deu na telha. A vontade é de dizer: “Calma aí, cara pálida! Eu tenho nome, viu?”. Aliás, o nome de cada um é o que o define como indivíduo e pode ser mudado ao sabor de conveniências mercadológicas. Eu não posso, por exemplo, cismar em alcunhar o Galvão Bueno de Odete. Mesmo que a ideia de ver um cartaz escrito “filma eu, Odete” me pareça hilária. Da mesma forma, uma emissora televisiva que se diz benfeitora do esporte, não tem o direito de rebatizar o belo estádio do ameaçado Palmeiras a seu bel prazer, como ocorreu na última quarta-feira, quando, via satélite a “Allianz Parque” virou “Arena Palmeiras” para alguns órgãos da imprensa tupiniquim, da mesma forma que a equipe de vôlei da UFJF virou “Juiz de Fora” desde que começou a disputar a Superliga.
Mais do que ignorar a realidade, a prática é um desrespeito a quem investe no esporte. Ou alguém acha que o Palmeiras escolheu o nome “Allianz” por que achou isso “bonitinho”? Não, qualquer clube precisa de patrocinadores para se manter nas disputas de alto nível. Em muitos casos, os recursos surgem na forma da associação de uma empresa à marca esportiva. Aliás (neste caso, não é Allianz), há exemplo de quão nociva a prática pode ser. Em 2009, um time de Joinville que disputava a Superliga fechou as portas de seu projeto de voleibol masculino. Motivo: a Unisul, principal patrocinadora da equipe, resolveu pular do barco após as negativas da emissora que transmite o torneio em chamar a Unisul de… Unisul. Neste caso, quem pagou o pato foi o amante do esporte de Santa Catarina.