Em busca da grande conectividade humana


Por CRISTIANE DE FREITAS, ESTUDANTE

31/01/2016 às 07h00

Diariamente, observo as pessoas falarem que a tecnologia tem afastado “olhares” e, ao mesmo tempo, criado aproximação. Sim, vamos admitir que, muitas vezes, deixamos a pessoa que está bem ao nosso lado para trocar sorrisos com alguém a milhas de distância de nós. Há de se convir que isso não é exclusivo do “departamento” dos desdobramentos da tecnologia. Quantas vezes trocamos por tão pouco, por exemplo, a pressa no trânsito. O desejo de se chegar mais rápido ao seu destino final… “Estou com pressa, tenho hora marcada”; quantas vezes muitos de nós já dissemos isso? Será que toda essa pressa seria única e exclusivamente destinada à internet?

A questão que mapeia a nova geração são as inovações tecnológicas, os aplicativos “superinteligentes” e as redes sociais capazes de nos conectar “a tudo e a todos”. Os burburinhos que escutamos afirmam que “a tecnologia tem distanciado cada vez mais as pessoas”. Minha observação é a seguinte: até quando iremos usar os mesmos argumentos para dizer que nosso individualismo não tem uma parcela de culpa?

Somos individuais a ponto de não darmos, sequer, um “bom-dia”, individuais quando pensamos somente em nossos próprios benefícios, nas aparências, no que vão falar ou pensar. Ou quando pensamos que sempre a culpa é do outro, às vezes “máquinas” de produção; até mesmo na corrida do sucesso, quando fazemos nossos colegas de “escada” e nem de bom grado estendemos a mão para ele também poder subir. Isso ainda seria culpa da internet?

Não podemos nos esquecer dos famosos términos de relacionamentos e seus recomeços. Certo casal sentado à mesa, ambos conectados ao celular, que parecia estar muito mais interessante que o papo a dois. Mesmo assim, quando vamos ao encontro com alguém que está do outro lado da rede, fazemos a mesma coisa, e assim por diante. Será que seria culpa da internet mais uma vez? Ou seria desinteresse?

Certamente, não é a tecnologia que tem esfriado as relações com os outros. Gradativamente, as relações têm esfriado por nossa conta. Não usemos isso como desculpa, pois o individualismo e o egoísmo não necessitam de ajuda. Por si só, já são suficientes para abafar quaisquer tentativas de enxergar além de nós mesmos.

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