Campanha da Fraternidade 2016
O carnaval está aí, logo depois, inicia-se a Quaresma, tempo de preparação para a solene celebração da Páscoa, morte e ressurreição do Senhor. Neste tempo, realiza-se no Brasil a tradicional Campanha da Fraternidade (CF), que, neste ano, devido ao tema de interesse não só para os católicos mas para todos os cristãos, será ecumênica. Foi preparada em conjunto com o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) e será vivenciada em união com todas as igrejas cristãs.
O tema “Casa comum, nossa responsabilidade”, escolhido a partir das demandas da atualidade, como a preocupação com as mudanças climáticas e degradação do meio ambiente, é um desafio e um chamado à responsabilidade: colaborar juntos na construção de uma “casa comum” justa, sustentável e habitável por todos os seres vivos. O tema está em sintonia com a encíclica “Laudato Sí” do Papa Francisco: uma voz profética que clama para que assumamos o desafio de proteger a casa comum, unindo-nos para um desenvolvimento sustentável e integral.
O lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24), citação bíblica do Livro de Amós. No contexto daquela época, de muita religião e pouca justiça social, o profeta adverte que cultos bonitos, mas desligados da justiça, não agradam a Deus; são rejeitados, detestados.
O objetivo principal: “Assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa casa comum” (Texto Base n° 26). O saneamento básico é um direito humano fundamental, que, para ser atingido, requer a união de esforços entre a sociedade civil e o Poder Público no planejamento, na prestação de serviço e no seu cuidado e inclui não só as coisas mas também todos os seres vivos, como realidades inter-relacionadas, formando um único grande todo. Tem duas dimensões básicas: o cuidado à criação e a luta pela justiça.
Para alcançar esse objetivo, a CF instaura processos de diálogo com reflexão crítica dos modelos de desenvolvimento que orientam a política e a economia e focalizam um problema específico que afeta o meio ambiente e a vida de todos os seres vivos: o saneamento básico – frágil em muitos lugares, ausentes em vários outros, afetando principalmente os mais pobres.
A palavra profética de Amós, relacionando religião e justiça social, constitui para nós hoje, neste período de quaresma, um apelo à conversão: conversão exigindo renúncia, não apenas jejum; solidariedade, não apenas esmola; luta para mudanças, não apenas orações. A vivência da Campanha da Fraternidade, para ser eficaz, não pode ser apenas individual. A reflexão e as ações decorrentes exigem ser realizadas em grupos. Está na hora de chamar os grupos da novena de Natal, criar novos e convidar irmãos de outras confissões cristãs a partilhar conosco a riqueza desta Campanha da Fraternidade (Subsídios: Texto Base da CF, Vida Pastoral janeiro, fevereiro – Paulus).
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