Como será 2016?
Esta é, normalmente, uma época de balanços. De pensar sobre o que realizamos no ano que se encerra e de projetar realidades e sonhos para o que se inicia. Sobre o que fizemos, pouco, muito pouco mesmo a analisar. As vitórias pessoais podem ter sido muitas, e tomara que tenham sido mesmo, mas em relação ao país… Perdemos as ilusões, nos tornando céticos – ou será realistas? – quanto à nossa capacidade de superação das dificuldades. Faltam-nos lideranças, e não apenas a que possa conduzir o país, mas a que nos represente, que discuta, que fiscalize, que impeça os malfeitos.
O ano, que se encerra muito mal, ganha faixa e coroa de mais perdido do século até aqui com o relatório do relator Acir Gurgcz, do PDT de Roraima, recomendando a aprovação das contas da presidente Dilma, referentes a 2014, com ressalvas. Antes de prosseguirmos, uma pergunta: por que é sempre um senador ou um deputado dos estados de menor expressão política, embora tão importante quanto os demais, a fazer a proposta de genuflexão diante do poder? Isto é, abrir caminho para encerrar, ou enterrar, as discussões sobre o impeachment.
Se o Parlamento considera legais as contas, como sustentar um impeachment sob a alegação de irregularidades, levantadas por técnicos, burocratas apenas, que nada entendem de política e de governabilidade? Ora, se as contas estão irregulares diante das leis, que se mudem as leis. Afinal, não é possível engessar a administração pública com bobagens do tipo “controle de despesas”. Suas excelências entendem como público aquilo que não tem dono. E o dinheiro é público e deve mesmo ser torrado. Mesmo quando inexistente. Quando criado artificialmente. Se é assim, por qual razão então a ressalva? Por que não pedir a aprovação com louvor?
Pense nisto, senador, ainda dá tempo de mudar o relatório. Que Deus nos proteja de certas coisas em 2016. E que vocês todos tenham um maravilhoso 2016!
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