Os jovens querem ler
“(…) a ideia de que livros são desprezados pela camada mais jovem da população e que literatura não faz sucesso não passa de ignorância e saudosismo.”
Você também acha que o contato incessante com as redes sociais causou danos irreversíveis nas mentes dos jovens e que adolescentes agora são incapazes de ler um livro inteiro? Se sim, devo dizer que você está muito enganado.
É indubitável que a capacidade de concentração de todos nós foi afetada pelo fluxo gigante de informações que recebemos todos os dias na internet. No entanto, a ideia de que livros são desprezados pela camada mais jovem da população e que literatura não faz sucesso não passa de ignorância e saudosismo.
No último ano as vendas de livros aumentaram substancialmente no Brasil, fato comprovado pela movimentação gigantesca de pessoas, marcas e celebridades promovida pela última Bienal do livro que ocorreu no Rio em setembro de 2023.
Um dos principais responsáveis por esse súbito sucesso é, acreditem ou não, o Tik Tok. A hashtag “booktokbrasil” tem mais de 20,3 bilhões de compartilhamentos de vídeos que reúnem recomendações, resenhas e discussões sobre livros. Diversas livrarias possuem agora estandes destinados exclusivamente àqueles livros que estão fazendo sucesso entre os usuários das redes sociais. E o público alvo? Majoritariamente jovem.
É claro que apesar dos números crescentes de vendas e do sucesso explícito de novos autores no país, há aqueles que ainda insistem na velha premissa de que nada novo presta e que a única leitura válida é a de clássicos de autores já renomados. Essa ideia não passa de uma tentativa ridícula de manter a literatura em um pedestal de exclusividade intelectual, o que não só afasta os jovens desse universo como também prejudica o mercado que estes críticos tanto valorizam. Contraproducente, no mínimo.
Se até hoje você não sabia de nada disso e achava que a juventude estava perdida na timeline de alguma rede social qualquer, vai aqui uma súplica: não continue propagando esse discurso mentiroso de que os jovens não querem ler. Eles querem, basta escrever para eles.