Dia Mundial do Solo


Por WILSON ACÁCIO, GRUPO ECOLÓGICO SALVATERRA

10/12/2015 às 07h00- Atualizada 10/12/2015 às 08h34

As primeiras grandes civilizações antigas, como a mesopotâmica, egípcia, indo-gangética, chinesa, desenvolveram e prosperaram em função dos ricos solos de suas planícies. Coube ao russo Vasilli Dokouchaev (1846-1903) criar um novo ramo da ciência: a pedologia, que é o nome dado ao estudo dos solos em seu ambiente natural.

No Brasil, anualmente, comemoramos o Dia da Água, do Meio Ambiente, da Árvore, mas poucos sabem que no dia 5 de dezembro comemora-se também uma data de grande importância – o Dia do Solo. Esta data foi criada em 2002 pela União Internacional de Ciências do Solo para celebrar a importância que o solo tem para todos os povos da humanidade. Entre os recursos naturais disponíveis em nosso planeta, o solo é de grande valor, porque grande parte de nossos alimentos provém dos cultivos e das pastagens. Cabe ainda ao solo um papel fundamental para as nascentes e os mananciais, além de sustentar a biodiversidade de toda a vegetação nas diversas latitudes. O solo constitui-se campo de interesse e de pesquisa de vários profissionais: agrônomos, geólogos, geógrafos, biólogos, engenheiros, geomorfólogos, etc.

Para chamar a atenção de toda a humanidade para a importância do solo, a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou 2015 como o Ano Internacional dos Solos. Esta iniciativa foi para tentar mobilizar e sensibilizar a sociedade para a importância dos solos como parte fundamental do meio ambiente e os perigos que envolvem a degradação deles em todo o mundo. Durante todo este ano, vários eventos foram promovidos pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), que reúne mais de mil pesquisadores de universidades e instituições de pesquisa e extensão do país, como a Embrapa.

Infelizmente, como o solo ainda não está na pauta da sociedade brasileira, como acontece atualmente com a água, ainda há dificuldade para que haja uma sensibilização no uso correto dos solos no Brasil. Com a decretação do Ano Internacional dos Solos, espera-se que a sociedade, os meios de comunicação social, os formadores de opinião e, principalmente, gestores públicos atentem para os problemas causados pela degradação dos solos no processo de desenvolvimento sustentável, na economia e no ambiente natural.

Pesquisas mostram que a quase totalidade das pessoas acha que os solos servem apenas para a produção agropecuária, mas temos que ter em mente que também as cidades e os empreendimentos industriais sustentam-se sobre o solo. Infelizmente, as pessoas “enxergam” os solos só quando acontecem as tragédias e catástrofes, como os deslizamentos de terra ocorridos em janeiro de 2011 na Região Serrana do Rio de Janeiro (Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro); o acidente radioativo de 1987, em Goiânia; e, mais recentemente, o rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro da Samarco em Mariana, já considerado o maior desastre ambiental do Brasil.

De acordo com publicações especializadas, calcula-se que as perdas anuais de solo no território brasileiro atingem 500 milhões de toneladas devido ao seu uso inadequado. Dependendo do tipo de solo, ele demora milhares de anos para se formar. Essas perdas têm impacto direto na economia, em razão do maior custo dos alimentos, uma vez que os nutrientes perdidos precisam ser repostos ao solo para manutenção da produtividade das lavouras.

Como vimos, os solos são cruciais para a vida na Terra, com grande influência sobre o meio ambiente, nas economias regionais e globais e nas aglomerações urbanas e industriais. Até mesmo a redução da capacidade de armazenamento dos reservatórios de água no Brasil, como tem sido mostrado pela imprensa, relaciona-se com a degradação dos solos. Faz-se necessário que a sociedade e nossos governantes despertem para a importância do solo em nossas vidas.

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