Próximo lance
O processo político vive uma nova etapa com a discussão da reforma misturada com briga intrapartidária e até mesmo a suspensão de um parlamentar da cúpula do Congresso
O Senado Federal saiu na frente da Câmara dos Deputados e aprovou um fundo eleitoral com pé, mas sem cabeça, isto é, definiu o piso, que pode ficar entre R$ 2 bilhões e R$ 2,5 bilhões, mas não estabeleceu o limite, que ficará por conta das circunstâncias, uma vez que sua base será, principalmente, nas emendas de bancada, hoje o único instrumento adotado pelos políticos para transferir recursos para seus redutos eleitorais. A matéria segue para a Câmara, devendo ganhar viés de urgência, pois o tempo está se tornando escasso. A votação não foi pacífica, indicando que até entre os parlamentares há pontos de vista conflitantes ante uma matéria de tamanha relevância. Resta, agora, à Câmara dar o arremate, mas, se mudar o texto original, começa tudo de novo.
Essa questão, por si só, daria margem para uma ampla discussão, pois a instância política não se entende na forma de financiamento e não apresenta propostas que não afetem o bolso do contribuinte. O líder do PMDB, Romero Jucá, disse que esse é o custo da democracia, num discurso mais para os seus do que para a opinião pública. Pelo modelo aprovado, o seu PMDB será o maior beneficiado, seguido das demais grandes siglas como PT e PSDB. Mas a semana não se esgotou aí.
No Supremo Tribunal Federal, o senador Aécio Neves teve o mandato suspenso e terá que ficar em casa à noite, como se estivesse sob a égide da prisão domiciliar. Os ministros rejeitaram o pedido de sua prisão, mas impuseram-lhe uma pena inesperada. O senador tinha planos de recuperar território em Minas. Agora, terá que se dedicar à sua defesa nos tribunais.
A Justiça, na instância federal, absolveu o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e aumentou a pena do ex-ministro José Dirceu, mas o lance do dia ocorreu no novo embate entre o ex-ministro Antônio Palocci e o ex-presidente Lula. Acuado por um pedido de sua expulsão do PT, Palocci não quis dar esse gosto à cúpula partidária e pediu para sair. Mas seu desenlace foi típico de filmes de faroeste: saiu atirando. O ex-ministro, durante anos um dos condestáveis do PT, disse que o partido precisa se definir se é uma legenda ou uma seita, na qual o ex-presidente age como uma entidade acima do bem e do mal.
A saber, agora, qual será o próximo lance antes de a semana acabar.