País continua dividido
Pesquisas apontam a continuidade no ambiente de polarização, que pode se refletir nas eleições municipais de 2024
Seja qual for o resultado do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, no qual o Ministério Público pede sua inelegibilidade por causa de encontro com representações estrangeiras, em que teria feito duras críticas às urnas eletrônicas, o país ainda vai continuar dividido. Não só pesquisas, como da Genial/Quaest – que aponta uma divisão na opinião pública sobre o veredicto -, mas também pelas reações que perpassam o debate político, especialmente em Brasília. O ex-presidente disse que vai continuar ativo na política independentemente da sentença.
A questão é saber como ele vai atuar se ocorrer a sua condenação, já que, antes mesmo da decisão dos ministros, já se especula em torno de seus herdeiros. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, lidera as intenções de voto, seguido da ex-primeira-dama, Michele Bolsonaro, e do governador de Minas, Romeu Zema.
Antes mesmo das urnas de 2024, quando prefeitos e vereadores estarão nas urnas, já se fala no pleito de 2026, numa açodada antecipação. É prematuro traçar cenários diante de tantas incertezas na própria cena política. Quando se fala do próximo pleito seis meses depois da posse dos atuais mandatários, cria-se uma situação complicada para a própria gestão. Todos os gestos serão interpretados como pré-eleitorais ao mesmo tempo em que os adversários, sob o mesmo sentimento, passam a agir para derrotar as matérias independentemente de sua importância.
O governador Romeu Zema, que está entre os cotados nas pesquisas, tem pautas importantes na Assembleia Legislativa. Por isso, mesmo que atue nos bastidores em torno de seu projeto político – o que é democrático e legal -, deve ficar atento às repercussões no Legislativo. O projeto que trata do Regime de Recuperação Fiscal começa a andar, mas será necessário manter a articulação para que ele vá adiante.
Zema tem causas que lhe são caras, como a privatização de ativos do Estado como a Cemig, Codemig e Copasa, e que fazem parte, de certa forma, nas contrapartidas do Estado para cumprir a recuperação fiscal. Os deputados, até mesmo da base, não têm o mesmo desprendimento do Governo quando se trata de privatização. Tanto o governador quanto o seu entorno vão carecer de muita conversa para o debate avançar.
E, quando conversas se dão num ambiente polarizado, o contra e a favor passam mais pela trincheira do que pela política. A polarização é uma realidade e também deve se fazer presente nas eleições de 2024, embora o cenário de candidatos ainda seja meramente especulativo. Em Juiz de Fora, enquanto a esquerda já tem como certa a candidatura à reeleição da prefeita Margarida Salomão, a direita ainda não definiu seu nome in pectore. Vários pré-candidatos já estão se apresentando, mas não há consenso, sobretudo pelo fato de a direita estar mais bem estruturada fora dos partidos na cidade do que nas legendas.