Um dia a mais
O feriadão deve servir para reflexão sobre os episódios recentes de Brasília e os próximos passos a serem dados para o desenlace de uma crise política que comprometeu não apenas a economia mas até mesmo relações pessoais. É preciso pressa, pois um dia a mais é significativo quando se avaliam suas consequências. A primeira delas é a inquietação nas ruas; a outra, no próprio Congresso, que precisa, e já, desatar nós não apenas no caso do impeachment da presidente da República mas também na Comissão de Ética da Câmara Federal.
No Senado, os primeiros passos foram de insegurança e táticas protelatórias, que acabaram sendo superadas – pelo menos nesse primeiro momento – ao se definir o início formal dos trabalhos já na segunda-feira. E qual a razão para não sê-lo a não ser atrasar a inevitável discussão? O senador Renan Calheiros, sob o argumento de que não poderia cometer erros e nem avaliações precipitadas, bem que tentou adiar o processo, mas foi vencido, ainda bem, por argumentos, e não por gritos.
O mesmo não se vê na Câmara. O presidente Eduardo Cunha continua se utilizando de seu vice, Waldir Maranhão (PP-MA), para adotar táticas evasivas, próprias para evitar o andamento do processo que trata do seu impedimento. Cunha ignora a legislação, passa por cima do regimento e faz uma leitura própria das normas, única e exclusivamente para se beneficiar. Tem tido sucesso até agora, mas será inevitável a sua prestação de contas à sociedade. A questão é quando.
Nestes quatro dias, os políticos precisam ouvir o clamor popular e levar em conta que o momento é de definição, para um lado ou para o outro. O que não vale é a incerteza.