BOLA DA VEZ
O deputado Eduardo Cunha já teria cerca de cem deputados pedindo a sua cabeça, confirmando as afirmações de domingo, quando da votação do impeachment, de que seria a bola da vez. Em termos de Câmara Federal, porém, tudo é possível, pois muitos dos que apareceram à frente das câmeras também não passariam ilesos em investigações, e outro tanto já está respondendo processo. O Conselho de Ética, onde corre um processo contra o presidente do Legislativo, se move a passos de cágado, fruto das articulações do parlamentar. Ontem mesmo o rolo compressor já começou a atuar. o deputado Waldir Maranhão (PP-MA), vice-presidente da Câmara, proibiu a análise de provas que não digam respeito à suspeita de que Cunha mentiu à CPI.
Independentemente do que venha a ocorrer com a presidente Dilma Rousseff, que se diz injustiçada pelos deputados, a operação Lava Jato e outras investigações não podem parar. Como destacam diversos procuradores, tanto o Ministério Público quanto a Polícia Federal são órgãos de Estado e não de Governo, o que faz deles instituições que agem em nome da sociedade.
E é nesse pacote que entram Cunha e demais investigados, muitos deles posando de paladinos da moralidade. O país está se passando a limpo e, sem qualquer viés revanchista, tem que ir à frente. A corrupção, certamente, não vai acabar, mas os que usam atalhos para benefício próprio precisam ser alertados de que há leis e instituições capazes de puni-los, algo, até bem pouco tempo, raro, sobretudo quando se tratava do andar de cima.