Metas ambientais
Assembleia Geral da ONU começa nesta terça-feira com a responsabilidade de inserir prioritariamente em sua agenda a questão climática e suas consequências
No seu discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, versão 2023, o presidente Lula deverá cobrar dos países mais ricos a injeção de recursos nas políticas ambientais dos países em desenvolvimento, como uma das principais alternativas para enfrentar as mudanças climáticas que a cada dia se acentuam cada vez mais. Já nessa segunda-feira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tratou das metas de redução do carbono, enquanto o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, em conversa com empresários e políticos dos EUA, destacou as ações brasileiras em torno da biodiversidade e das metas que devem ser alcançadas na atual legislatura.
Tanto o presidente quanto os dois políticos brasileiros trilharam o mesmo caminho ao explicitar a importância da colaboração global para os impasses que se acentuam a cada ano. Há cerca de duas semanas, um ciclone de grande magnitude, causou uma tragédia nos estados do Sul, especialmente o Rio Grande do Sul. Agora, os institutos de meteorologia estão anunciando um período de calor inédito para o mês de setembro, com temperaturas – pasmem – chegando a 45º em algumas regiões.
O verão do Hemisfério Norte, já na sua etapa final, produziu fenômenos semelhantes, que se desdobraram em queimadas de grande porte por toda Europa e Estados Unidos. Há, pois, motivos de preocupação no Brasil e na América Latina, por serem regiões de infraestrutura precária em várias regiões, incapazes de garantir segurança comunitária ante grandes eventos do clima, especialmente as tempestades, que estão para começar.
A Assembleia Geral é uma importante caixa de ressonância, pois, ao contrário dos demais fóruns, reúne países de todos os vieses ideológicos e tem no seu conselho de segurança os países mais influentes do planeta. Portanto, o que se diz na Assembleia pode influir na ação dos países membros.
Mas a questão é saber o grau de envolvimento de cada Governo. Os chamados grandes emissores ainda enfrentam dificuldades, especialmente políticas, para substituírem suas matrizes energéticas, a despeito de todas as pesquisas apontarem para os danos causados pelas fontes de carbono e para sua perenidade. O investimento em energia limpa é um fato, mas é preciso financiar os Governos que carecem de recursos para tais projetos.
O Brasil é player nessa discussão, por controlar a maior parcela da Amazônia, mas também por ter uma tradição ambiental que precisa de mais respaldo para garantir não apenas a qualidade do ar filtrado pela maior floresta tropical do planeta, mas também o papel das demais unidades ambientais do território nacional. O combate ao desmatamento hoje é um dado real, mas há outras demandas que passam, inclusive, pela conscientização coletiva, a fim de garantir a redução de danos à natureza.
Trata-se de um processo coletivo, já que as consequências não são restritas apenas aos segmentos menos favorecidos. As tragédias fruto do desequilíbrio ambiental ocorrem em todas as regiões, desde o rico Sul do país, com suas enchentes, ao menos favorecido interior do Nordeste, com secas infindáveis.