MOMENTO HISTÓRICO
A Câmara dos Deputados começa hoje a importante tarefa de decidir em plenário o processo de admissibilidade do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, já aprovado por uma comissão especial. As apostas estão em curso, mas o que vale destacar é a importância de se adotar uma alternativa democrática, prevista no Regimento Interno e na própria Constituição. A questão do mérito, levantada pelos dois lados, é outra etapa, a ser discutida no Senado, quando também os dois lados terão oportunidade de apresentar provas e reafirmar a defesa de seus argumentos.
O lado perverso desse debate é que alguns atores deveriam também ter prestado contas à Justiça por sua comprovada ação pouco republicana, como é o caso do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha. Ele age como um ser acima da lei, ditando ordens e definindo cenários. A mudança de relator na Comissão de Ética, na qual está sendo julgado, é a prova de sua força. O substituto faz parte de sua confraria, o que sinaliza para ampliação dos prazos do processo. Mais do que isso, Cunha corre o risco às avessas de não só concluir sua gestão à frente da Casa como o seu próprio mandato.
Passado o julgamento da presidente da República, que não pode ser protelado no Senado, caso lá chegue, é fundamental rever não apenas conceitos mas também a práxis política do país. Manter o país dividido é o que menos se espera, pois, num cenário desse, não há avanços, inclusive na necessária recuperação da economia.