RELAÇÕES DE PODER
A prisão do ex-senador Gim Argello (PTB-DF) pela Polícia Federal, em mais uma etapa da operação Lava Jato, mostra como as relações de poder se deterioraram ante a facilidade de negociatas em proveito próprio e de terceiros. Até bem pouco tempo, ele era cotado para ocupar uma das cadeiras do Tribunal de Contas da União. Foi indicado pela presidente Dilma, mas teve seu caminho barrado pelo Ministério Público e por funcionários do próprio TCU, que conheciam seus passos, sobretudo nos bastidores de Brasília.
Argello é a face recente dos episódios que estão marcando a cena nacional. Mas sempre há espaço para surpresa, pois, a cada investigação, novos atores entram no jogo pouco republicano ora desvendado. O ex-senador, segundo a denúncia, teria recebido propina para evitar a convocação de empresários na CPI da Petrobras. Seu comportamento diante da prisão causou apreensão no meio político da Capital Federal, porque ele tem potencial para envolver colegas de Congresso caso decida por um acordo de delação premiada.
E há, de fato, motivo para preocupação, uma vez que Argello é profundo conhecedor de articulações importantes no Senado, tendo sido um dos homens de confiança até do senador Renan Calheiros, presidente do Senado. Não se sabe, porém, se ele vai abrir o jogo e, muito menos, se está disposto a denunciar colegas parlamentares e empresários. Essa indefinição vai tirar o sono de muita gente.