PRIORIDADE INVERTIDA


Por Tribuna

10/04/2016 às 07h00

O acidente com um caminhão bitrem, na BR-040, na altura de Santos Dumont, seria mais um nas estatísticas não fosse por um detalhe: ocorreu perto de uma escola, que fica abaixo do nível da rodovia, e que, em outra ocasião, também já foi afetada por fato semelhante. Como as duas ocorrências foram de madrugada, não havia crianças na unidade. Tal situação é preocupante, e a própria Polícia Rodoviária Federal já pediu medidas de segurança na região a fim de evitar uma tragédia.

Este, porém, não é o único dado a ser considerado. Privatizado desde 2014, o trecho entre Juiz de Fora e Brasília tem vários pontos de riscos cuja solução foi um dos primeiros anúncios da Via 040, empresa que ganhou a concorrência de concessão. Em Santos Dumont, são quatro viadutos, construídos ainda nos anos 1960, que carecem – como ocorreu com o Viaduto da Mutuca – de duplicação. São verdadeiras armadilhas, nas quais vários acidentes já ocorreram. Num deles, morreu o então presidente da Câmara Municipal de Juiz de Fora, Paulo Rogério dos Santos.

Para surpresa coletiva, a concessionária, ao anunciar seu cronograma de obras, informou que vai priorizar o trecho da BR-040 que corta o território de Goiás, a despeito de ter em Minas o maior volume de quilômetros e também os problemas mais graves. Repete-se uma estratégia adotada pela Concer, responsável pelo trecho da mesma rodovia, em direção ao Rio de Janeiro. Na versão original, o contrato de concessão previa obras de duplicação na Serra de Petrópolis, mas a empresa preferiu atuar, primeiro, entre Matias Barbosa e Juiz de Fora, cujas obras demandaram menor volume de recursos, e só agora, com a concessão renovada, é que ataca a Serra, um projeto desafiador e caro.

Os viadutos de Santos Dumont também são desafiadores e caros, a menos que se opte por um novo traçado. De qualquer modo, não poderiam ficar para uma segunda etapa, por conta dos riscos que levam para os usuários. Nenhuma autoridade de transporte ou política questionou tal fato. Talvez esperem um novo acidente.

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