Polícia Civil desarticula esquema de tráfico internacional de drogas em Muriaé
Cento e dez tabletes de maconha oriundos do Paraguai foram encontrados em veículo; entorpecentes seriam distribuídos em cidades da região

Um esquema de tráfico internacional de drogas foi desmantelado pela Polícia Civil em Muriaé, cidade distante cerca de 160 quilômetros de Juiz de Fora. Cento e dez tabletes de maconha oriundos do Paraguai foram retirados de circulação após a polícia descobrir que eles estavam acondicionados no interior de um automóvel, numa caixa de som e também no forro das portas traseiras do veículo. A droga foi apreendida durante operação para coibir o tráfico, denominada Advento.
O carro foi interceptado no último domingo (6), na BR-116, trecho do Bairro Santa Helena, naquela cidade. “Temos fortes indícios que a droga tem origem paraguaia e seria distribuída a cidades vizinhas, como Governador Valadares”, afirmou o delegado regional de Muriaé, José Roberto Machado Demétrio. O carro era conduzido por um homem, 46 anos. Ele foi preso em flagrante e se reservou ao direito de permanecer calado. Em seguida, foi levado para a cadeia pública de Muriaé. Segundo a polícia, o homem teria colocado pó de café em meio a droga, para não levantar suspeitas devido ao forte odor da maconha. Entretanto, o plano foi frustrado, já que os agentes localizaram o material. Com o suspeito foi apreendido também moeda Guarani, como é chamado o dinheiro paraguaio.
Conforme as investigações, que tiveram início há pouco mais de 30 dias, o suspeito já teria ido ao país vizinho por duas vezes para buscar os tabletes e seria responsável pelo esquema criminoso. Anteriormente, conforme o delegado, ele realizava a distribuição de entorpecentes no município e, por isso, passou a ser monitorado. O preso não possuía passagens policiais.
Em 30 dias, o inquérito do caso deverá ser finalizado e remetido à Justiça. “Iremos ainda levantar quem seriam as pessoas que atuavam junto ao homem. Evidentemente que, pela complexidade do esquema, ele não o realizava sozinho. Já sabemos também que ele possuía, pelo menos, dois endereços onde guardava a maconha”, disse o policial, acrescentando que o preso repassava a droga para grandes traficantes. “Ele era fornecedor e não atuava no varejo.Tinha a preocupação de realizar as entregas assim que chegava com o carregamento. Apesar dos locais para armazenamento, ele optava por se desfazer rapidamente do material para não ser pego”. O inquérito tramita em sigilo e, por isso, outros detalhes não foram repassados a fim de não atrapalhar na apuração.
Homem não levantava suspeitas
Apesar de vir sendo monitorado há algum tempo, o responsável pelo esquema não levantava suspeitas, segundo informou o delegado José Roberto. “Ele aparentava ser um pessoa idônea, usava um carro simples e não fazia qualquer tipo de ostentação”, garantiu o delegado, dizendo ainda que no veículo do suspeito não havia insulfilm e ele sempre trafegava de vidros abertos. “Tais atitudes não levantavam a desconfiança das polícias. A partir de informações de que ele distribuía drogas pela cidade, no entanto, passamos a investigá-lo e, neste domingo, demos fim ao esquema”, pontuou.
Um esquema maior, mas semelhante ao da cidade de Muriaé, foi desarticulado em Juiz de Fora, em outubro passado, quando uma tonelada de maconha, também provinda do Paraguai, foi apreendida. O esquema era organizado pelo grupo juiz-forano que buscava os entorpecentes em um caminhão próprio e costumeiramente viajava até o estado do Mato Grosso do Sul em busca de droga barata. Os tabletes vinham embaixo de outra carga, apenas acobertando, e os preços baixos da maconha no Paraguai atraíam os compradores da cidade.
Apesar da forma de buscar a droga e do esquema simples, além da proximidade entre as cidades, o delegado responsável pela apuração em Muriaé disse não acreditar que os suspeitos integrem uma rede ou que tenham qualquer tipo de relação. “Apesar das investigações apontarem a distribuição dos tabletes para municípios vizinhos, ela nada tem a ver com o grupo de Juiz de Fora”. As investigações prosseguem e o homem deverá ser indiciado por tráfico internacional e associação para o tráfico, conforme prevê a Lei 11.343/06. Se condenado, ele poderá pegar mais de 25 anos de reclusão.