Audiência discute situação dos leitos UTI de Barbacena e região
Das 85 vagas intensivas, cinco serão desativadas; pacientes aguardam na fila de espera, que já teve mais de 330 mortes este ano
A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou uma audiência pública, nesta quarta-feira (29), para tratar da situação das vagas de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na região de Campos das Vertentes, e cobrar a readequação de leitos que foram utilizados durante a pandemia para o tratamento de pacientes com Covid-19 nos municípios da área de abrangência.
Na ocasião, o deputado Lucas Lasmar (Rede) apresentou dados quantitativos da macrorregião de Barbacena, que abrange 51 municípios e cerca de 800 mil habitantes. De acordo com o parlamentar, cerca de 90% de todos os atendimentos de saúde pública de urgência e emergência da área são feitos pelos hospitais filantrópicos, ou seja, por meio do SUS. Lasmar ainda detalhou os 85 leitos de UTI do tipo adulto existentes na macrorregião.
Em Barbacena, são 15 no Hospital Ibiapaba Cebams, 15 na Santa Casa de Misericórdia e dez no Hospital Regional Dr. José Américo. Em Conselheiro Lafaiete, são 15 no Hospital e Maternidade São José, sendo que três serão desativados, segundo a Superintendência Regional de Saúde de Barbacena. Em São João del-Rei, 20 vagas no Hospital Nossa Senhora das Mercês e 10 na Santa Casa da Misericórdia, onde duas vagas serão desativadas.
No entanto, esse número (85) representa 79% dos 107 necessários para a demanda da região – quantitativo estimado pelo levantamento do Núcleo de Informações da Diretoria de Atenção Hospitalar e Urgência e Emergência, trazido pelo superintendente Regional de Saúde de Barbacena, Renato Soares dos Reis. A redução, portanto, de quase 6% dos leitos já deficitários é fator preocupante para o atendimento na região que, conforme dito na reunião, registrou a morte de 334 pacientes que aguardavam vaga na fila de espera, entre janeiro a outubro deste ano.
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Leitos desativados
O Hospital Policlínica de Barbacena pleiteia a reabertura de dez leitos de Centro de Terapia Intensivo (CTI), criados de forma emergencial, na pandemia de Covid-19, desativados desde agosto de 2022. Cinco deles já foram qualificados em junho, mas seguem aguardando a inspeção da vigilância sanitária, que já recebeu o plano arquitetônico protocolado.
De acordo com o diretor-geral do hospital, Otavio Augusto Ramos Vieira, as circunstâncias impostas pela pandemia deixaram mais de R$ 4 milhões de dívidas à instituição. A estimativa informada por ele é de que seriam necessários R$ 9 milhões para corrigir as inadequações apontadas para a ativação dos leitos. Lasmar detalhou algumas delas, como “especificação de trilho suspenso da porta de correr” e “dimensionamento completo das rampas, incluindo largura e comprimento”.
O presidente da Comissão de Saúde, deputado Arlen Santiago (Avante), declarou não acreditar “que uma pessoa da vigilância sanitária dará um alvará para poder fazer uma coisa que não está de acordo com a lei”. Por isso, sugere que o assunto seja levado para o Ministério Público, na tentativa de ajustar um termo para que os leitos sejam reabertos, enquanto os ajustes vão sendo feitos.
Além de seis deputados estaduais, representantes de instituições de saúde de Barbacena e três vereadores da cidade estiveram presentes na audiência.