Bolsonaro se disponibiliza para negociar com Trump e defende permanência de filho nos EUA

Ex-presidente ainda reivindicou criação do Pix, mecanismo citado em investigação americana sobre o Brasil


Por Agência Estado

17/07/2025 às 14h40

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta quinta-feira (17), que o Pix é criação dele, especulou que a investigação comercial aberta contra o Brasil tenha a ver com o impacto financeiro causado pelo sistema de pagamento e se colocou à disposição para conversar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para conter o conflito tarifário entre os dois países.

“Antes do Pix, você tinha um cartão. Os bancos perderam comigo, com o Pix mais Ted (Transferência Eletrônica Disponível) e Doc (Documento de Ordem de Crédito), mais de R$ 20 bilhões. E eu não taxei o Pix”, afirmou. “O Pix tem nome: Jair Bolsonaro.”

Como mostrou o Estadão Verifica, embora tenha sido lançado em novembro de 2020, portanto, na atual gestão, o Pix começou a ser pensado no Governo de Michel Temer (MDB), em 2018. Inclusive, quando foi abordado por apoiador sobre o modelo de pagamento pela primeira vez em 2020, Bolsonaro demonstrou desconhecimento, acreditando que o termo Pix se tratava de algo relacionado à aviação civil.

Na convicção do ex-presidente, ele teria condições de barrar essa investigação e as tarifas de 50% impostas ao Brasil. “Acho que teria sucesso uma audiência com presidente Trump. Estou à disposição”, disse. “Se me der um passaporte, negocio.”

O ex-presidente teve o documento retido em fevereiro de 2024, em operação da Polícia Federal na investigação sobre a suposta tentativa de golpe de Estado.

Bolsonaro diz que Eduardo é ‘mais útil’ nos EUA

Bolsonaro também disse que o filho dele, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), conduz negociações com o Governo Trump e pode ser um ativo importante para barrar a tarifa de 50% aos produtos brasileiros. “Ele é mais útil lá do que aqui”, afirmou.

Eduardo está nos EUA desde março deste ano na tentativa, segundo o próprio deputado, de obter sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

A licença parlamentar de Eduardo acaba neste domingo (20), e ele não pode mais renová-la. Caso continue nos Estados Unidos, o deputado licenciado pode perder o mandato por falta. À Coluna do Estadão, o filho “03″ de Bolsonaro disse que vai abrir mão da cadeira na Câmara.

O ex-presidente também afirmou, que, caso perca o mandato, Eduardo terá oportunidades ainda em solo americano. “Ele tem portas abertas no Governo Trump, conhece dezenas de parlamentares e está trabalhando pela nossa liberdade”, disse.

Para Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não conseguirá negociar a tarifa com Trump. “Não vai ser uma pessoa isolada. Louvo Tarcísio, mas não haverá negociação com um Estado apenas. É com o Brasil. E está na cara que ele (Trump) não vai ceder”, disse.

Bolsonaro esteve no Senado nesta quinta-feira e visitou o gabinete do filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O ex-presidente estava acompanhado de uma pequena comitiva de parlamentares do PL, entre eles o líder da sigla na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ).

Após ameaçar o Brasil com tarifas de importação de 50% a partir de 1º de agosto, o Governo Trump resolveu aprofundar as retaliações comerciais. Nesta terça-feira (15), o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) iniciou uma investigação sobre o Brasil, nos termos da Seção 301 da Lei de Comércio de 1974.

Questionado sobre a percepção da população de que ele é o responsável pelo tarifaço de Trump, o ex-presidente rechaçou a ideia: “Eu sou o culpado? Ele está fazendo com o mundo todo”.

Para 72%, Trump está errado ao impor as novas taxas aos produtos brasileiros sob o argumento de que há perseguição judicial a Bolsonaro, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (16). Apenas 19% acreditam que ele está certo.

Tópicos: bolsonaro / trump

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.