Defensoria recomenda suspensão imediata do programa de escolas cívico-militares em Minas Gerais

Instituição aponta inconstitucionalidades e riscos à educação pública


Por Tribuna

18/08/2025 às 13h00- Atualizada 18/08/2025 às 13h04

A Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) recomendou à Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG) a suspensão imediata do Programa de Escolas Cívico-Militares no estado. O documento foi elaborado pelas Coordenadorias Estratégicas de Tutela Coletiva (Cetuc) e de Promoção e Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes (Cededica).

De acordo com a instituição, o modelo apresenta vícios de legalidade e inconstitucionalidade, por prever a atuação de militares em funções pedagógicas e administrativas em escolas públicas. A recomendação tem caráter extrajudicial.

A Defensoria destacou cinco aspectos que, em sua avaliação, comprometem a validade do programa:

  • Competência legislativa: o modelo não encontra respaldo na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e foi instituído por atos administrativos estaduais, sem previsão legal;

  • Gestão democrática: a participação de militares em decisões escolares enfraquece o papel da comunidade, em desacordo com o artigo 206 da Constituição Federal;

  • Desvio de função: policiais e bombeiros são convocados para atividades educacionais, sem formação específica e fora de suas atribuições legais;

  • Desvalorização dos profissionais da educação: funções pedagógicas são atribuídas a militares, em desrespeito à formação técnica e aos concursos públicos exigidos para os cargos;

  • Princípios educacionais: o modelo hierárquico-militar contraria o pluralismo de ideias, a liberdade de aprendizado e o estímulo ao pensamento crítico.

‘Defesa da educação pública’

A DPMG reforçou que a iniciativa contraria os direitos assegurados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pela Constituição. Também lembrou que, em 2023, o programa foi revogado em âmbito federal por incompatibilidade com os marcos legais da educação.

“O compromisso da Defensoria é garantir uma educação pública de qualidade, baseada no pluralismo de ideias, no diálogo e na valorização dos profissionais habilitados para o ensino, em conformidade com a Constituição e a LDB”, afirmou o defensor público Paulo Cesar Azevedo de Almeida, signatário da recomendação.

A Defensoria solicitou à SEE/MG que apresente, em até dez dias, os documentos que fundamentaram a criação do programa. Também se colocou à disposição para o diálogo institucional e para a construção de soluções que respeitem os princípios democráticos da educação pública.

Escolas de Juiz de Fora

No dia 7 de julho, a Escola Estadual Batista de Oliveira – Bairro Costa Carvalho, Zona Sudeste de Juiz de Fora –, em uma assembleia com professores, funcionários, pais e alunos, rejeitou a implantação do modelo cívico-militar. Em votação com cédula, foram 88 votos contra, 33 a favor e 2 em branco.

Enquanto, inicialmente, cada assembleia aconteceria em um dia e horário, após a derrota, a SEE marcou todas as 24 seguintes em Juiz de Fora para o mesmo dia e horário, suspendendo-as, posteriormente. Ao todo, são 728 escolas pré-selecionadas com base em critérios técnicos em Minas Gerais.

Veja quais escolas de Juiz de Fora estão na lista: 

  • EE Presidente Costa e Silva
  • EE Professor Teodoro Coelho
  • EE Duarte de Abreu
  • EE Maria Ilydia Resende Andrade
  • EE Professor José Freire
  • EE Ali Halfeld
  • EE Almirante Barroso
  • EE Fernando Lobo
  • EE Francisco Bernardino
  • EE Sebastião Patrus de Sousa
  • Instituto Estadual de Educação de Juiz de Fora
  • EE Antônio Carlos
  • EE Duque de Caxias
  • EE Marechal Mascarenhas de Moraes
  • EE Hermenegildo Vilaça
  • EE Nyrce Villa Verde Coelho de Magalhães
  • EE Presidente João Pinheiro
  • EE Delfim Moreira
  • EE São Vicente de Paulo
  • EE Maria de Magalhães Pinto
  • EE Batista de Oliveira
  • EE Henrique Burnier
  • EE Professor Lopes
  • EE Professor Quesnel
  • EE Mercedes Nery Machado

Texto reescrito com o auxílio do Chat GPT e revisado por nossa equipe

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