Além das faixas: taekwondo fortalece corpo, mente e vínculos em Juiz de Fora
Professor Adriano Porto comanda projeto que alia bem-estar, disciplina e formação humana; alunos destacam os benefícios físicos e emocionais
Mais do que uma arte marcial, o taekwondo tem sido, há mais de três décadas, o caminho de equilíbrio físico e emocional para Adriano Porto, de 59 anos. Professor do CEKS e referência na prática da modalidade em Juiz de Fora, ele define a trajetória como um divisor de águas. “Comecei por volta dos 26, 27 anos. Me auxiliou como ser humano, profissionalmente, e principalmente na saúde física e mental. Fiz a escolha de me tornar professor e estudar Educação Física, para unir o conhecimento marcial ao científico”, explica.
A prática do taekwondo, que combina tradição oriental, preparo físico e desenvolvimento mental, tem conquistado cada vez mais adeptos na cidade. O esporte é o protagonista da 15ª repórtagem do TM Esporte Clube, série da Tribuna que mostra os mais diferentes esportes praticados em Juiz de Fora. Já foram apresentados o paraquedismo, a esgrima, o rapel, o foot table, a canoagem, o parapente, a bocha, o squash, a escalada indoor, o aikido, o padel, o pickleball, o kickboxing e a ginástica.

No CEKS, onde ministra aulas mistas para atletas a partir dos 7 anos, Adriano valoriza um modelo de ensino que respeita os limites individuais. “Tenho alunos de 57 anos. Desde que haja liberação médica, não há restrições. A aula é dinâmica, com aquecimento leve, parte técnica, luta imaginária e prática com implementos, envolvendo a coordenação motora. Cada professor tem seu estilo, e o meu é focado em bem-estar e formação global”, conta.
O professor também explica as regras básicas da modalidade, que sofreu adaptações com o processo olímpico. “São permitidos chutes acima da cintura e no rosto, socos apenas no tórax. Chutes na nuca ou costas são proibidos. Nosso foco não é a competição, e sim o desenvolvimento técnico, motor e emocional de cada aluno”. O Brasil tem duas medalhas olímpicas no taekwondo, ambas de bronze: Natália Falavigna, em Pequim 2008, e Maicon Andrade, na Rio 2016.
Compromisso que atravessa gerações
O impacto da filosofia do taekwondo na vida dos praticantes aparece com clareza nas histórias de Maria Júlia Passini, 23, e Lucas Costa Ramos, 28 — ambos alunos do professor Adriano há mais de uma década. Moradora do Bairro São Pedro, ‘Maju’ começou aos 11 anos, influenciada pelos irmãos, e seguiu firme mesmo quando eles pararam.
“Já faz parte da minha vida. Me ajuda na memória, na concentração. É o lugar onde eu alivio o estresse dos estudos e do dia a dia”, conta. Para ela, a presença do professor é essencial. “Ele é uma base, sempre dá conselhos, está presente para tudo. É realmente parte da família”.
A jovem também reforça a importância da arte marcial para as mulheres. “É fundamental saber se defender. Tento trazer amigas, algumas começaram. Tem mais homens, mas a presença feminina está crescendo. Quero continuar, melhorar, aperfeiçoar os movimentos. É algo que quero levar por muito tempo ainda”.
Já Lucas, também do Bairro São Pedro, treina desde 2008. “Na época eu queria fazer kung fu, mas o taekwondo acabou sendo mais acessível. Gostei muito da primeira aula e nunca mais parei.” Para ele, os benefícios emocionais são os mais marcantes. “Controle de ansiedade, impulsividade e autocontrole. Tudo isso está presente no taekwondo.”
Hoje faixa preta, ele destaca que a conquista foi apenas o início de uma nova etapa. “Chegar na preta me fez perceber o quanto ainda tenho para aprender. A gente entende os princípios da modalidade e leva isso para a vida: perseverança, espírito indomável e disciplina.” Hoje, o esporte faz parte da sua identidade. “Já passei mais tempo da minha vida treinando do que sem treinar. A luta é o momento mais esperado do meu dia”.

Brasil em crescimento no taekwondo
Com a experiência de prática e ensino, Adriano observa com otimismo o cenário do taekwondo no Brasil. “Quando comecei, mal havia tatame nas competições. Hoje, todas as academias têm. O país evoluiu muito. A lei de incentivo ao esporte, o Bolsa Atleta e o apoio governamental trouxeram benefícios que não existiam antes. A tendência é de crescimento, independente do Governo que estiver à frente. É trabalhar com as expectativas dos alunos e entregar mais do que eles esperam. Seja em dois meses ou 17 anos de prática, o objetivo é o mesmo: o desenvolvimento humano”, finaliza.
Tópicos: Taekwondo / tm esporte clube